A falta de esclarecimento sobre o novo programa de gastos que será implementado no país acaba gerando incertezas e diminuindo a capacidade do governo de realizar despesas, foi o que afirmou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em evento promovido pela BlackRock Brasil, nesta quarta-feira (23/11).
“A incerteza fiscal passa a fazer um peso importante. Não desenhar bem [o programa] acaba gerando uma incerteza que afeta a capacidade de gastar. É possível que você consiga gastar mais se explicar melhor”, disse em referência à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição. “Se você for transparente e gastar melhor, pode gastar mais e com credibilidade”, acrescentou.
Ainda sobre a âncora fiscal, Campos Neto afirmou que não se pode trabalhar com especulações e que é preciso esperar o redesenho fiscal. “É importante conseguir equacionar essa necessidade do social, mas também gerar um equilíbrio fiscal”, destacou o dirigente, sinalizando a necessidade do Brasil de manter a trajetória da dívida pública de uma maneira sustentável.
“Ponto de inflexão"
O presidente do BC disse que o Brasil está claramente em um ponto de inflexão, em que “fazer mais [política fiscal] pode significar ter um efeito menor ou contrário ao que se espera em termos de geração de emprego e de levar benefício para quem está na ponta”, defendendo a necessidade de equacionar necessidade sociais e gerar equilíbrio fiscal.
Ainda durante o evento, Campos Neto voltou a dizer que a melhora da inflação no país é incipiente e que o BC vai persistir, sendo importante levar a inflação à meta. Segundo ele, a preocupação principal no mundo daqui pra frente deve mudar. "Talvez a gente entre em um período agora de mudança da preocupação principal de inflação para crescimento baixo. A inflação não subindo, mas persistente e o crescimento mais baixo ou com taxas negativas."
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