Santiago do Chile – Ao contrário do setor financeiro, onde os cinco maiores bancos do país detêm quase 68% do mercado de crédito, o segmento segurador tem concentração menor. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (9/11), na capital chilena, pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg). Entre as 146 empresas que operam no segmento de seguros gerais, excluindo saúde, os cinco maiores grupos detêm 61,9% do mercado, conforme dados da entidade com base nas análises feitas entre os meses de janeiro e agosto.
Mas, segundo o levantamento feito com base no Índice Herfindahl-Hirschman (HHI, na sigla em inglês), tradicional indicador do grau de concorrência em um setor, entre janeiro a agosto, a média ficou em 10% em 2022. Esse percentual é levemente acima dos 9,9% registrados no mesmo período de 2021. Conforme a metodologia do HHI, até 15%, o grau de concentração é considerado baixo; entre 15% e 25%, moderado; e acima de 25%, a concentração é alta.
O presidente da CNSeg, Dyogo Oliveira, contou que o levantamento foi feito para desmistificar as informações até mesmo entre executivos do setor. “Existe uma leitura equivocada de que há muita concentração do setor e esses dados buscam mostrar que existem alguns ramos onde a concentração é maior, mas, na média, ela é bem baixa”, destacou ao Correio, em Santiago do Chile, onde ele participa de uma série de compromissos com entidades do setor de seguros da América Latina.
Saiba Mais
Na segunda-feira (7), a CNSeg fez o lançamento oficial da Conferência Hemisférica da Federação Interamericana de Seguradoras (Fides), que ocorrerá em setembro no Brasil, marcando a retomada do evento bianual, que foi interrompido durante a pandemia. A última conferência da Fides foi realizada na Bolívia, em 2019.
Oliveira assumiu a presidência da CNSeg em abril deste ano e contou que encomendou o levantamento inédito para os técnicos da entidade assim que assumiu o cargo, para ter um material para mostrar nas reuniões que costuma participar. “Os dados mostram que o filme é bom e a foto é boa. A concentração vem diminuindo ao longo dos anos e o índice de concentração entre as 146 empresas com prêmios emitidos em 2022 vêm caindo”, avaliou.
“O setor é mais concentrado em produtos onde há maior participação do setor financeiro, como o seguro habitacional, que chega a 25,8%, mas é menor do que em 2021, quando era de 30,9%. Vemos que a concorrência está aumentando porque a concentração está caindo”, acrescentou.
No setor de automóveis, por exemplo, a concentração entre as 35 operadoras do setor é de 14,2%, mas as cinco maiores são donas de 73,3% da fatia de mercado.
Em 2016, início da série levantada com base no indicador HHI, esse percentual era de 12,8% entre 144 empresas, ou seja, ainda era baixo, e veio caindo ao longo dos anos. Já as cinco maiores companhias do setor respondiam por 67,3% em 2016.
Evolução do setor de seguros
Ainda conforme os dados da CNSeg, com base nos números da Superintendência de Seguros Privados (Susep), o setor de seguros gerais cresceu 18,1%, entre janeiro e setembro deste ano na comparação com o mesmo período de 2021, totalizando R$ 265,1 bilhões. Em contrapartida, o pagamento de indenizações, benefícios, resgates e sorteios somou R$ 166,6 bilhões na mesma base de comparação — dado 19,67% superior ao registrado em 2021.
Apenas o setor de de Danos e Responsabilidade, excluindo o DPVAT, por exemplo, cresceu 27,3%, entre janeiro e setembro deste ano na comparação com o mesmo período de 2021, arrecadando R$ 83,8 bilhões. Em contrapartida, o pagamento de indenizações, benefícios, resgates e sorteios chegou a R$ 45,3 bilhões na mesma base de comparação, volume 43,5% superior ao registrado em 2021.
*A jornalista viajou a convite da CNSeg
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