Pouco mais de uma semana após o bilionário Elon Musk ter assumido o controle do Twitter, numa transação de US$ 44 bilhões, ainda não estão claras quais serão as novas diretrizes da plataforma na relação com o mercado e os usuários. O empresário, porém, já começou a promover mudanças — e impactantes. Uma das mais significativas é a demissão de praticamente metade dos funcionários. Segundo o portal de notícias norte-americano Bloomberg, a previsão é de que 3,7 mil empregados sejam desligados da empresa, de um efetivo total de 7,5 mil em todo o mundo, inclusive no Brasil.
As demissões começaram ontem e geraram polêmica, não só pela quantidade de funcionários, mas também pela maneira como as dispensas estão ocorrendo. A empresa informou que os empregados estão sendo notificados por e-mail se tiveram o emprego mantido ou se foram desligados.
Boa parte dos 150 funcionários que trabalham em solo brasileiro recebeu e-mails informando sobre a demissão. De acordo com o portal Canaltech, estima-se que apenas cerca de 20 ou 30 empregados sobraram. Procurada pelo Correio, a filial brasileira do Twitter não se pronunciou.
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Nos EUA, uma ação coletiva liderada pela advogada trabalhista Shannon Liss-Riordan, filiada ao Partido Democrata, alega que Elon Musk viola a Lei Federal de Notificação de Ajuste e Retreinamento do Trabalhador, que exige que qualquer empresa com mais de 100 funcionários deve notificar com 60 dias de antecedência sobre uma demissão em massa, "que afete 50 ou mais funcionários em um único local de trabalho".
Além de reduzir os custos de operação da plataforma, uma das promessas do bilionário sul-africano é conceder mais liberdade de expressão dentro da rede, que nos últimos anos bloqueou contas de muitos influenciadores, entre eles, o ex-presidente dos EUA, Donald Trump. Logo após Musk assumir o cargo, a diretora de clientes anunciou a saída da empresa. Além disso, uma carta divulgada por uma organização da sociedade civil, nos EUA, formada por 30 grupos diferentes, condenou os projetos de Musk, alegando que eles representam uma apologia a discursos de ódio.
"Os extremistas não estão apenas celebrando a aquisição do Twitter por Musk. Eles estão vendo uma nova oportunidade para postar linguagem e imagens abusivas, assediadoras e racistas. Isso inclui ameaças de violência contra pessoas de quem discordam. Sem esforços do Twitter para abordar esse tipo de abuso e ódio, suas marcas estarão apoiando ativamente e acelerando o extremismo", afirmam os subscritores da carta.
O bilionário enfrenta ainda a saída de anunciantes, como GM, Volkswagen e Audi, que competem com a Tesla — de Elon Musk — dentro do setor automotivo. Outras marcas como a Häagen-Dazs e a fabricante do biscoito Oreo também pararam de anunciar na rede.
Diante do cenário turbulento, a dúvida sobre o que Musk, de fato, pretende com o Twitter ainda permanece. Para o coordenador dos cursos de pós-graduação em Inteligência Artificial e Aplicativos Móveis do Centro Universitário IESB, Alexandre Loureiro, o bilionário, embora saiba dos riscos, permanece firme naquilo a que se propôs.
"Um dos lemas principais, hoje, do empreendedorismo é que tudo tem que ter um propósito. Você tem que acreditar naquilo, mesmo que esteja dando prejuízo, mesmo que todo mundo fale que vai dar errado", disse Loureiro. "E Musk tem um propósito no Twitter, que é essa ideia de uma rede social com a quebra de paradigma da liberdade de expressão."
*Estagiário sob a supervisão de Odail Figueiredo
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