Inflação

BC da Inglaterra eleva juros a 3% ao ano em maior aumento em 33 anos

Este foi o oitavo aumento consecutivo da taxa de juros. A elevação veio em linha com as projeções do mercado, que precifica um juro de 5,25% em 2023

Rafaela Gonçalves
postado em 03/11/2022 12:58 / atualizado em 03/11/2022 13:02
Banco da Inglaterra: País enfrentará
Banco da Inglaterra: País enfrentará "recessão por um período prolongado" - (crédito: Ben STANSALL / AFP)

O Comitê de Política Monetária do Banco da Inglaterra (MPC, na sigla em inglês) elevou sua taxa principal de juros em 75 pontos base, para 3,0% ao ano, em seu maior aumento desde 1989. A decisão, anunciada nesta quinta-feira (3/11), representa uma aceleração da política contracionista, uma vez que a decisão de setembro havia sido uma alta de 50 pontos base.

As políticas fiscais da ex-primeira-ministra do Reino Unido Liz Truss, que renunciou após enfrentar forte rejeição a seus planos, provocaram um "questionamento" sobre a estabilidade política do país, e isso terá um "impacto prolongado", de acordo com o presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Andrew Bailey.

Mesmo com a economia do Reino Unido entrando em uma recessão esperada, o MPC luta para evitar um avanço na inflação, impulsionado pela alta dos preços da energia. A decisão não foi unânime, dois membros do comitê votaram por aumentos menores, de 0,5 e 0,25 ponto porcentual.

Este foi o oitavo aumento consecutivo da taxa de juros. A elevação veio em linha com as projeções do mercado, que precifica um juro de 5,25% em 2023.

O MPC sinalizou que não espera continuar elevando os custos de empréstimos tanto quanto os investidores antecipam para domar a inflação. "Podem ser necessários novos aumentos nos juros para um retorno sustentável da inflação à meta, embora a um pico inferior ao precificado nos mercados financeiros", informou o comunicado.

Inflação

O Banco da Inglaterra prevê que a inflação atingirá uma máxima de 40 anos de cerca de 11% durante o trimestre atual, mas avisa que o Reino Unido já entrou em uma recessão que pode durar dois anos. "As últimas projeções do comitê descrevem uma perspectiva muito desafiadora para a economia do Reino Unido", disse o BoE. "Espera-se que esteja em recessão por um período prolongado."

Políticas fiscais

Em coletiva de imprensa após a decisão monetária de hoje, o presidente do BoE, Andrew Bailey, lembrou que houve alta volatilidade nos mercados britânicos recentemente, em um momento que a economia enfrenta o choque que mais afeta a renda da população desde a década de 1970, segundo ele.

Apesar disso, Bailey reforçou a necessidade por elevar os juros para controlar a inflação. Não fazer isso "pioraria o problema", alertou. Entre as políticas fiscais em vigor, o alívio do custo de energia aos britânicos deve pressionar a inflação e sustentar o consumo, disse o dirigente.

(com informações da Agência Estado)

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