MERCADOS

Tranquilidade marca negócios após eleição, aponta 1º pregão desta segunda

Dólar recua e Bolsa sobe no dia seguinte à vitória de Lula no pleito presidencial. Apesar disso, ações de Petrobras e Banco do Brasil têm fortes baixas, com a expectativa de maior ingerência do governo na administração das estatais

Rafaela Gonçalves
postado em 01/11/2022 03:55
 (crédito: Gerd Altmann/Pixabay)
(crédito: Gerd Altmann/Pixabay)

O primeiro pregão após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais foi marcado por um certo otimismo do mercado, também motivado pela forte entrada de recursos de investidores estrangeiros — para quem os ativos brasileiros têm preços atrativos e o fim da disputa deixou algumas incertezas para trás. O dólar comercial, que abriu em R$ 5,40, terminou a sessão com queda de 2,54%, cotado a R$ 5,16. Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), iniciou o dia em baixa, recuperou perdas e acabou fechando com alta de 1,31%, aos 116.037 pontos.

Como era esperado, porém, as ações de Petrobras e Banco do Brasil tiveram fortes quedas, de até 8,5%, motivadas pela expectativa de maior interferência do governo na administração das estatais. "Essas duas empresas têm um certo tipo de repulsa ao governo do PT, vinda de administrações anteriores", observou o CEO da Box Asset Management, Fabrício Gonçalvez. Segundo ele, apesar de o mercado ter demonstrado certa confiança, os investidores temem que erros do passado sejam repetidos.

Por outro lado, puxaram os ganhos ações de empresas ligadas ao turismo, setor aéreo, varejo e tecnologia, diante da expectativa de aumento do consumo com o eventual fortalecimento de programas sociais e do salário mínimo no próximo governo. Os analistas acreditam que, na administração petista, tendem a se valorizar ações de empresas dos setores de educação, construtoras e também do comércio, tendência que já pode ser observada na sessão de ontem.

As atenções agora se voltam às sinalizações de Lula sobre a futura condução da política econômica, seus arranjos políticos e indicações da equipe ministerial, sobretudo da pasta da Economia. Esses anúncios devem ditar o ritmo do mercado nos próximos dias, de acordo com os analistas.

"Havia um certo medo por parte dos investidores de que a vitória de Lula não seria bem aceita por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, o que poderia criar um risco institucional para o país. O fato de a eleição ter tido reconhecimento de diversas autoridades locais gera mais segurança. Além disso, a semana passada foi bastante positiva para os mercados internacionais, enquanto houve queda na Bolsa brasileira. A valorização desta segunda-feira é uma forma de compensar essa diferença", avaliou Raphael Castilho, sócio e gestor do Ártica Long Term FIA.

Economia bolsa
Economia bolsa (foto: Valdo Virgo)

Compromisso fiscal

Apesar de não dar sinais claros de sua política econômica, é esperado que o petista adote medidas alinhadas com o compromisso fiscal. O afastamento do temor de contestação do resultado do pleito, até o momento, e perspectivas positivas para a transição ajudaram a reduzir riscos. Os investidores também se animaram, com a possibilidade de o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), chefiar a equipe de transição.

 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.