Questionado sobre o tamanho do rombo fiscal deixado para o próximo ano, o ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles apontou que o prejuízo será quase três vezes maior do que o estimado pelo Governo Federal. “Na minha avaliação, o tamanho do buraco deixado é mais próximo de R$400 bilhões, estimado por entidades independentes, do que dos R$ 150 bi que o governo está falando”, disse em entrevista à GloboNews, nesta segunda-feira (24/10).
Meirelles afirmou ainda ver a necessidade de “excepcionalidade” para acomodar o orçamento, criando novas regras para um arcabouço fiscal. "Uma reforma administrativa bem feita, por exemplo, fechando estatais que já deixaram de existir há muito tempo. Limpar essas despesas desnecessárias para abrir espaço para investimentos”, complementou.
O ex-ministro avaliou como os furos no teto desmoralizam a atual política fiscal do país. “Me perguntaram se o teto de gastos estava desmoralizado, eu digo 'não'. O que está desmoralizado é a presente política fiscal que não seguiu o teto de gastos, por isso nós temos um risco Brasil elevado”. Segundo ele, é preciso reavaliar todas as Propostas de Emenda à Constituição (PEC) aprovadas nos últimos meses para reajustar as regras fiscais.
O economista, que declarou apoio à campanha eleitoral do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse que a posição foi tomada com base nos resultados econômicos "de sucesso" dos dois governos anteriores do petista, e que essa experiência será repetida caso Lula seja eleito no próximo domingo. “A minha experiência com ele me dá muita confiança de que ele vai voltar a repetir uma experiência de sucesso, que foram aqueles anos de governo dele", declarou.
O mercado aposta no anúncio de Meirelles como ministro da Economia de um eventual governo de Lula. Questionado se aceitaria o convite para participar da pasta econômica, Meirelles voltou a dizer que não toma decisões com base em hipóteses, deixando a resposta em aberto.
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