O cooperativismo de crédito ampliou a presença no país, alcançando metade dos municípios da Federação em um ano em que o Banco Central iniciou o ciclo de aperto monetário. Em dezembro de 2021, o exército de cooperados cresceu 13,5%, somando 13,6 milhões. Desse total, os associados pessoas jurídicas (PJs) correspondem a 15% do total, conforme dados divulgados pelo Banco Central, nesta quinta-feira (20/10), no Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC).
O valor dos ativos totais do SNCC somou R$ 459 bilhões, em dezembro de 2021, após registrar crescimento de 23,5% em relação ao ano anterior. Segundo o BC, esse desempenho deveu-se, principalmente, à expansão da carteira de crédito, na qual destacaram-se operações com micro e pequenas empresas e para os produtores rurais. As captações também cresceram em ritmo superior ao dos demais segmentos
A divulgação do relatório coincide com o Dia Internacional do Cooperativismo de Crédito. O Panorama fez uma análise da evolução do segmento ao longo dos anos, com ênfase no período mais recente, segundo a autoridade monetária.
Saiba Mais
Expansão
Conforme os dados do Panorama, houve aumento de 9,9% nas unidades de atendimento de cooperativas de crédito em 2021, e o percentual de ativos problemáticos manteve trajetória de queda e o nível de provisões demonstra ser suficiente para suportar as perdas esperadas na carteira de crédito. “O aumento da alavancagem financeira e o maior controle das despesas de provisão e dos custos operacionais contribuíram para melhorar o resultado do segmento”, destacou o BC.
O estoque de captações do SNCC cresceu 23,7% no ano, somando R$ 359 bilhões. Em dezembro de 2021, a carteira de crédito ativa do segmento chegou a R$ 315 bilhões e se destacou como o setor com maior expansão no Sistema Financeiro Nacional (SFN), de 35,9% no ano.
Ainda de acordo com os dados do Banco Central, o crédito rural a pessoas físicas (PFs) e o capital de giro impulsionaram o crescimento do crédito no SNCC, “refletindo o desempenho do agronegócio na economia e o foco de atuação do SNCC nas micro, pequenas e médias empresas (MPMEs)”.
Na avaliação do economista José Miguel de Oliveira, diretor-executivo de pesquisas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), existem dois fatores principais que explicam esse salto de mais de quase 36% no crescimento da carteira de crédito do segmento de cooperativas.
O primeiro foi a melhora da economia pós-pandemia e um aumento da procura por crédito corporativo, que tem taxas subsidiadas nesse segmento. Por conta de risco de crédito, muitas empresas não conseguiram acesso ao crédito das instituições financeiras, que estavam mais seletivas no acesso a linhas de financiamento. O segundo foi o aumento da oferta de novas linhas de crédito do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), que colaborou para ampliar a carteira das cooperativas.
"Naturalmente, esse crescimento das cooperativas de crédito em patamares acima de 30% não deve se manter daqui para frente, diante da perspectiva de desaceleração da economia brasileira em 2023. Não esperamos novas medidas nesse sentido com um cenário externo desfavorável, com China crescendo pouco e com os riscos de recessão na economia global", destacou Oliveira.
Vale lembrar que o início da alta na taxa básica da economia (Selic) começou em março de 2021, quando os juros básicos estavam no piso histórico de 2% ao ano. Atualmente, a taxa Selic está em 13,75%, e, pelas estimativas de analistas do mercado deverá permanecer nesse patamar, pelo menos, até primeira metade de 2023, o que ajudará a frear o crescimento da economia no ano que vem.
Cobertura do Correio Braziliense
Quer ficar por dentro sobre as principais notícias do Brasil e do mundo? Siga o Correio Braziliense nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram, no TikTok e no YouTube. Acompanhe!