Em um cenário em que o nível geral de preços começa a desinflar, graças à redução de preços das commodities alimentícias e energéticas, a cesta de 22 produtos e serviços mais procurados para o Dia das Crianças sofreu uma inflação acima da média geral. Enquanto o Índice de preços ao consumidor (IPC-DI) acumulou aumento de 5,14% nos últimos 12 meses, os itens para o Dia das Crianças aumentaram em média 6,11%.
O levantamento mostra, ainda, que os serviços e o lazer foram os itens mais afetados, acumulando um aumento de 7,36%, puxado pelos “serviços de alimentação”, como refeições em bares e restaurantes (8,64%), doces e salgados na rua (8,56%) e sorvetes fora de casa (7,29%).
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O pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (FGV IBRE), Matheus Peçanha, aponta que esse setor é um dos principais grupos que ainda puxam a inflação: “Com o fim da pandemia e a volta do trabalho presencial, esses serviços tiveram a demanda normalizada e puderam repassar custos que estavam há muito tempo represados. Isso (aparece) aliado a uma inflação de alimentos ainda elevada sobretudo no primeiro semestre deste ano”, disse.
A pesquisa apresenta que, no caso dos presentes, a cesta dos 11 produtos mais tradicionais teve um aumento médio de 3,23%. As maiores altas vieram principalmente do setor têxtil: roupas infantis (7,17%), calçados infantis (3,31%) e bonecas (9,06%). “O desarranjo nas cadeias globais de produção ainda se faz sentir, gerando problemas na aquisição de matéria-prima. Isso comprometeu a oferta em setores como o têxtil, o que gerou a pressão inflacionária”, explicou Peçanha.
Para o economista do FGV IBRE, é um momento de cautela. “A condição do mercado de trabalho está melhor que há um ano, mas os preços ainda corroem muito a renda das famílias. Com isso, a realização desse consumo fica muito onerosa para muitos pais, ainda que a expectativa por parte do comércio seja bem positiva e haja motivos para isso”, observou.
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