Usado normalmente para corrigir o valor de aluguéis, o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) recuou 0,97% em outubro, após duas quedas anteriores. Com o resultado, o indicador, divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), acumula alta de 5,58% no ano e de 6,52% em 12 meses — percentual que pode ser aplicado aos contratos com renovação em novembro. Segundo especialistas, a retração do índice, desde agosto, reflete a diminuição dos preços de commodities e combustíveis.
O coordenador de índices da FGV, André Braz, apontou as reduções de óleo diesel (5,67%), leite in natura (7,56%), gasolina (3,74%) e leite longa vida (8,26%) como principais contribuições para a queda do IGP-M.
Para calcular o índice, os técnicos coletam os preços ao produtor, os valores cobrados do consumidor e os custos da construção civil. A apuração é feita entre o dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência.
Entre os três componentes do indicador geral, o maior responsável pela retração foi o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que tem peso de 60% no cálculo, e caiu 1,44%. Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), com peso de 30% subiu 0,5% em outubro. O Índice Nacional do Custo da Construção (INCC), que entra com 10% na ponderação do IGP-M, recuou 0,04%.
No âmbito dos preços ao consumidor, as principais altas identificadas no levantamento da FGV ocorreram nos grupos saúde e cuidados pessoais (0,80%), vestuário (0,67%), habitação (0,63%) e alimentação (0,57%).
Na lista de quedas, além da gasolina e do leite longa vida, os consumidores se beneficiaram de reduções nos combos de telefonia, internet e TV por assinatura (2,45%), etanol (4,18%) e tarifas de eletricidade (0,45%)
O economista Otto Nogami, do Insper, observou que a grande contribuição dos combustíveis fósseis para a deflação do IGP-M é consequência "do represamento dos preços pela Petrobrás" e a eliminação ou redução dos impostos que incidem sobre estes produtos, além de energia e telecomunicações. Segundo Nogami, a queda do IGP-M pode dar a falsa impressão de que a inflação está sob controle. "Mas não podemos deixar de considerar que a ação do governo sobre os preços de gasolina, energia elétrica residencial, telecomunicações e gás de botijão criou um cenário artificial, cujos desdobramentos virão no futuro, à medida que os preços desses itens deixem de ter os benefícios fiscais."
Eleições
João Lucas Moreira, doutor em sociologia política, observou que a queda do IGP-M é favorável ao governo, que tenta a reeleição. "Pois ele pode evocar que o custo de vida baixou nos últimos dois meses. O governo, por meio de uma expansão fiscal, incentivou a queda de preço do combustível, do gás de cozinha e da tarifa de eletricidade residencial", disse.
Entretanto, segundo Moreira, esse efeito é a curto prazo. "Porque tem um custo fiscal imenso para o país, estimado em mais de R$ 200 bilhões, que gera insegurança na economia", afirmou. Além disso, as pesquisas mostram que a deflação pode não ter influenciado tanto o voto. "O cenário desta última semana deixou muitas incertezas, então, o mercado não tem como precificar a vitória de um concorrente ou do outro. No final, essas quedas do IGP-M acabam tendo um efeito muito superficial dentro do contexto da eleição", avaliou.
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