O Ministério do Trabalho informou ontem que, em setembro, foram criados 278.085 postos de trabalho com carteira assinada no país. O resultado seguiu no campo positivo, mas foi menor do que em agosto e recuou 15% na comparação com setembro do ano passado, quando foram abertos 330 mil empregos formais na economia. Os dados são do novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged).
Ao todo, em setembro houve 1,926 milhão de contratações e 1,648 milhão de demissões. No ano, o número de novos empregos líquidos chega a 2,14 milhões — queda de 10,8% em relação ao verificado no mesmo período de 2021, que registrou a criação de 2,5 milhões de vagas. Além disso, o salário médio real de admissão voltou a cair: no mês passado foi de R$ 1.931,13 — 0,64% menor que em agosto.
O setor de serviços voltou a puxar a geração de empregos, com saldo líquido de 122.562 postos em setembro. O destaque ficou com o subsetores de informação e comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, com saldo de 59.210 vagas no mês. O comércio veio a seguir, com 57.974 postos, seguido de indústria (56.909), construção (31.166) e agropecuária (9.474).
O ministro do Trabalho e Previdência, José Carlos Oliveira, usou a pandemia da covid-19 para justificar o desaquecimento no ritmo de criação de empregos formais em setembro. "Não tem como comparar setembro com o mesmo mês de 2021, porque estávamos voltando da pandemia (no ano passado)", alegou.
Para o mestre em economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Diego Vasconcelos, os números não surpreenderam. "Já estavam nas projeções do mercado e das consultorias", afirmou. Segundo ele, a queda nas contratações em relação a setembro do ano passado se explica pelos dois momentos distintos da economia. "Os números do ano passado tinham uma tendência de reaquecimento, porque estávamos em um cenário pós-crise, em que o país estava tentando se normalizar", afirmou.
Segurança
Cristina Sousa, 43 anos, foi contratada por uma empresa de vigilância no último mês. "Após ficar fazendo vários trabalhos isolados na área, fui chamada pela empresa. Estava desempregada desde a pandemia, pois não estava fácil arrumar um trabalho com a segurança da carteira assinada", disse. "Agora, estou me preparando para conseguir regularizar as contas, porque, antes, estava dependendo da minha mãe."
Os dados do Caged são fornecidos ao governo diretamente pelas empresas, no momento em que demitem ou contratam funcionários. Eles diferem dos números levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que, para calcular a taxa de desemprego no país, englobam também o mercado informal.
O analista da Levante Investimentos, Flávio Conde, observou que a geração de emprego é o indicador mais importante da economia de um país porque não afeta apenas positivamente a atividade econômica — que ganhando tração, porque as famílias podem pagar dívidas, voltar a consumir e contratar mais serviços —, mas também impacta positivamente o bem-estar social e psicológico dessas pessoas.
Segundo ele, a geração de 2,14 mil empregos de janeiro a setembro, apesar de menor do que em 2021, é um dado significativo, que pode impulsionar a atividade no próximo ano. "Além disso, a inflação deve fechar o ano em 5,6%, versus 10% em 2021. Portanto, a economia melhorou em 2022, e é difícil acreditar que o país crescerá apenas 0,63% em 2023 como o Focus projeta", afirmou Conde, referindo-se ao boletim elaborado pelo Banco Central que reúne projeções do mercado financeiro sobre a economia.
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