ELEIÇÕES 2022

Guedes nega 'pacote de maldades' na economia e culpa "petistas": "Fake news"

Em evento virtual de entidade de cooperativas, o ministro da Economia negou pacote de maldades e disse que propostas vazadas são feitas por petistas de dentro do governo

Rosana Hessel
postado em 25/10/2022 19:08 / atualizado em 25/10/2022 19:15
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

O ministro da Economia, Paulo Guedes, negou que o governo esteja preparando um "pacote de maldades" e voltou a desmentir notícias sobre o vazamento de estudos para congelar o salário mínimo e as aposentadorias e acabar com as deduções de gastos com educação e saúde no Imposto de Renda. Segundo ele, essas propostas que estão sendo vazadas são feitas por “petistas” de dentro do governo e que “vivem de roubo da tranquilidade da população brasileira” e “querem roubar votos”.

“Alguém num governo imenso e possivelmente aparelhado por petistas vaza um estudo próprio para um jornalista possivelmente militante”, disse Guedes, nesta terça-feira (25/10), em uma teleconferência do Sistema de Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) citando as notícias veiculadas nos últimos dias sobre propostas do governo que estariam na gaveta, prejudicando pobres e a classe média. 

Durante a fala, o ministro adotou um discurso eleitoreiro e atacou a oposição e os economistas tucanos — que são da escola liberal como ele e, hoje, apoiam a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — dizendo que eles querem voltar ao poder e deixar os juros ainda mais altos do que estão agora. Guedes até ironizou o fato de o PSDB ter saído últimas eleições bastante enfraquecido. Sem citar a sigla, disse que esses economistas eram de um partido que "está sumindo".

“Não acreditem nos que roubam a nossa esperança. Não acreditem nos que roubam a nossa tranquilidade. Não acreditem nos que produzem fake news em vez de fatos”, afirmou Guedes no evento virtual dos cooperados e comparou os "petistas infiltrados" com "pica pau na Arca de Noé".

O ministro garantiu que, ao contrário das notícias de propostas vazadas, “o governo vai dar reajuste acima da inflação”. “Fiquem tranquilos. Não vamos tirar isenções da classe média de despesas com saúde e educação. Ao contrário. Isso está no documento do outro candidato, que tem confisco do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Eles querem acabar com as deduções (do Imposto de Renda) e colocar na nossa conta”, assegurou.

"Esmola" e economia "decolando"

O chefe da equipe econômica ainda chamou o Bolsa Família, antecessor do Auxílio Brasil, atualmente de R$ 600 pago para cerca de 20 milhões de famílias brasileiras, de “esmola”. “A política social nunca foi tão forte. Triplicamos o valor do benefício. Em vez de R$ 180 e de, às vezes, R$ 80, hoje, quase 60 milhões de brasileiros estão cobertos com a renda básica”, disse. Ele evitou mencionar as filas para o cadastramento dos programas sociais e, minimizando o problema, mandou os brasileiros solicitarem o Auxílio Brasil de R$ 600 por família.

Na semana passada, após admitir que o governo tem estudo para desvincular a correção do salário mínimo à inflação, Guedes gerou polêmica e fez um novo pronunciamento dizendo que essa mudança não implicaria em perda do poder de compra dos mais pobres. A notícia deu munição para a oposição que turbinou as redes sociais com críticas à proposta.

Apesar de atribuir aos "petistas" a ideia do fim de dedução do Imposto de Renda, conforme publicado na edição desta terça-feira no jornal o Estado de São Paulo, Guedes admitiu que, "há dois anos”, essa medida estava no projeto da reforma do Imposto de Renda do Executivo – que está parada no Senado desde 2021 –, “mas foi retirada por ele e pelo presidente Jair Bolsonaro (PL)”.

Em seguida, ele voltou a negar qualquer pacote de maldade para prejudicar os mais pobres em caso de vitória do atual presidente no segundo turno, no próximo domingo. “Não vamos dar susto em ninguém”, garantiu. De acordo com o ministro, há vários projetos em estudo, como o de distribuição de renda de R$ 380 bilhões em contratos de petróleo, mas que “não vazam”.

“Temos estudos para vender estatais, para o fundo de erradicação da pobreza, para os R$ 380 bilhões dos contratos de petróleo. Confiem no Brasil. Não deixem se contaminar por quem rouba a esperança, por quem rouba a tranquilidade da população e, ao mesmo tempo, quer roubar votos, espalhando fake news a respeito da política econômica”, disse. 

O ministro ainda afirmou que o governo quer tributar menos os mais pobres e "formar uma grande classe média". "Queremos sim tributar lucros e dividendos, mas impediram a votação no Senado”, afirmou ele, citando que o lobby dos donos de R$ 300 bilhões que poderiam ser tributados é muito forte contra a reforma do Imposto de Renda proposta pelo governo.

Guedes voltou a afirmar que a economia brasileira está “decolando” e depois corrigiu afirmando que “já decolou”, e garantiu que, em 2023, o país poderá crescer mais de 3%, porque a inflação está caindo e os juros devem cair também. Segundo ele, “o país cresce mais do que a China” e pode crescer 3%, 3,5% a 4% nos próximos anos e voltou a criticar as estatísticas do mercado, que estão sendo constantemente revisadas para cima. Na visão dele, o Brasil é “especial” e por isso a economia não tem o mesmo desempenho dos demais países, que estão em processo de desaceleração e com a inflação em alta.

Acordo com Europa

O ministro também disse que o governo está negociando com a Europa para avançar na concretização do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, que acabou sendo travado devido, em grande parte, aos avanços recordes de queimadas e desmatamento na Amazônia.

“Vamos fazer uma onda de investimentos em energia eólica no Nordeste. E essa energia vai produzir o hidrogênio verde que vamos exportar para a Europa, que vai fechar o acordo com o Mercosul”, afirmou ele, sem dar datas de quando isso poderá ocorrer.

 

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