Durante evento promovido por entidades dos setores portuário e de logística, o ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu a atuação do governo na área fiscal, mesmo com o rompimento do teto de gastos — regra que limita o crescimento das despesas à variação da inflação no ano anterior. Ele afirmou que o teto foi "muito mal construído" e alegou que as críticas ao furo da âncora fiscal seriam uma "má percepção do que aconteceu".
O ministro disse que a regra fiscal tem um "espírito para corrigir a hipertrofia do Estado". "No segundo ano, furamos o teto por causa da covid", justificou. Segundo ele, apesar dos furos no teto, houve a manutenção ou redução do tamanho do Estado. "O governo gasta muito e gasta mal. Por isso, ninguém está apostando tanto nessa arquitetura fiscal como nós", afirmou.
Guedes elencou uma série de ações da equipe econômica e enfatizou o papel do setor privado, repetindo que o modelo focado nos investimentos públicos já se consumiu. O ministro criticou o intervencionismo estatal, afirmando que "vem todo mundo para Brasília pedir favor em uma economia dirigista". Em seguida, defendeu o modelo de economia de mercado, tendo o consumo como principal indutor. "O Brasil tem condição de ser uma economia de mercado de consumo de massa, por um lado. Essa transição é o que nós temos que fazer", acrescentou.
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Mercado
Na visão do ministro, o país reúne três condições para migrar para uma plena a economia de mercado: dimensão territorial continental, um Produto Interno Bruto (PIB) maior do que US$ 1 trilhão e mais de 100 milhões de habitantes. Guedes afirmou que, se o crescimento da economia doméstica continuar pelo próximo bimestre, a expansão do PIB brasileiro será superior ao da China. "Nossa inflação caiu de 12,5% para 5,5% este ano e a deles está subindo; há desorganização do mercado na Inglaterra, greve na França, estagflação nos EUA. O Brasil possivelmente está crescendo mais do que a China. Se crescermos nos próximos dois meses, passamos a China também", disse.
Ciclo de expansão
Guedes voltou a criticar ainda as projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), que apontam desaceleração do crescimento da economia brasileira em 2023. Segundo o ministro, o Brasil está no início de um longo ciclo de crescimento, ao contrário da economia mundial, que está no final. Em sua projeção, a economia brasileira terá crescimento de 3% pelos próximos dez anos, se continuar na linha de atuação do atual governo. "Esta mensagem é muito clara. É até singela porque está acontecendo repetidamente", disse. Ele afirmou também que subestimaram a democracia brasileira. "Estou absolutamente otimista a respeito do futuro do Brasil", acrescentou.
Em alusão às eleições, Guedes afirmou que o Brasil está em um momento decisivo. Numa clara referência à campanha do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), adversário do presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), o ministro disse que quem "fala de picanha e cerveja" não têm noção dos dados negativos na educação e no crescimento do país no passado.
Ele mencionou que o Brasil ficou em último lugar no Pisa, relatório referência em avaliação educacional no mundo, desenvolvido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo ao qual Guedes tem como meta entrar. "Estamos saindo com uma dinâmica de crescimento próprio garantida, e tem gente sonhando em voltar à mediocridade anterior."
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