Impulsionado pelos segmentos de serviços financeiros auxiliares e de informação e comunicação, o volume de serviços prestados no país cresceu 0,7% em agosto, após um avanço de 1,3% no mês anterior. Segundo pesquisa mensal divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi o quarto resultado positivo consecutivo, com ganho acumulado de 3,3% nesse período. Com isso, o setor, que representa quase 70% do Produto Interno Bruto (PIB), opera 10,1% acima do nível pré-pandemia, de fevereiro de 2020.
O desempenho do setor de serviços contrasta com o da indústria, que recuou 0,6% no mês, e do comércio, que teve baixa de 0,1%. Com isso, o segmento se mostra como o principal pilar de sustentação da atividade econômica e deve ter peso decisivo no resultado do PIB do terceiro trimestre.
Segundo o IBGE, três das cinco categorias que compõem o setor acompanharam o resultado positivo do índice geral. O destaque ficou com o item outros serviços, que avançou 6,7%, depois de uma queda de 5% no mês anterior. "Esse resultado positivo vem após uma queda, o que não é incomum, especialmente no ramo de serviços financeiros auxiliares, que teve maior influência sobre esse avanço e também sobre a retração do mês anterior", ressaltou o analista da pesquisa, Luiz Almeida. Os serviços financeiros auxiliares abarcam corretoras de títulos, consultoria de investimentos e gestão de bolsas de mercado de balcão organizado.
Com crescimento de 0,6% em agosto, e acumulando alta de 1,8% nos últimos dois meses, o grupo de informação e comunicação foi o segundo que mais contribuiu para o resultado do indicador geral. "Esse resultado se deve, especialmente, ao segmento de tecnologia da informação, que é muito dinâmico e alcançou o pico da sua série neste mês. É um dos ramos que cresceram a despeito da pandemia, principalmente por conta do home office e da digitalização dos serviços", acrescentou o pesquisador.
Os serviços prestados às famílias, que abrangem as atividades de hotéis e restaurantes, entre outras, avançaram 1%, na sexta alta consecutiva, período em que somaram ganho de 10,7%. Apesar disso, o segmento, que foi um dos mais afetados pela crise sanitária, ainda está 4,8% abaixo do patamar pré-pandemia. Segundo o economista do Banco Original Eduardo Vilarim, o desempenho da categoria surpreendeu os analistas.
"Nossa visão era de que a elevação nos preços da alimentação fora do domicílio, como refeições e bebidas, impactaria negativamente o subsetor. Outro indicador negativo era a pequena contração no estoque de trabalhadores de alojamento e alimentação, revelada pela Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de agosto. Entendemos que o aumento de R$ 200 do Auxílio Brasil contribuiu fortemente para elevar a demanda e reforçou o cenário atual, em que as famílias parecem dar preferência ao consumo de serviços, em vez de bens", avaliou Vilarim.
Por outro lado, o setor de transportes, que vinha crescendo nos três meses anteriores, mostrou acomodação e recuou 0,2% em agosto. Mesmo assim, se manteve 20% acima do nível pré-pandemia. O transporte de passageiros teve queda de 0,5% e de cargas recuou 0,3% no mês.
Efeito no PIB
Vilarim, do Banco Original, destacou que a consolidação do setor de serviços em nível bastante superior ao do período anterior à pandemia deve contribuir com o viés positivo sobre as projeções do PIB, em contraposição à indústria e ao comércio, que mostram perda de fôlego. "Para setembro, projetamos um crescimento preliminar de 0,3% dos serviços, assimilando o aumento da confiança no setor, a boa performance do mercado de trabalho e o aumento da massa salarial em termos reais", disse.
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