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Combustíveis enfrentam defasagem nos preços nos mercados interno e externo

Nos cálculos da Abicom, a Petrobras teria que reajustar o valor do litro da gasolina vendida nas refinarias em R$ 0,32 e o do diesel em R$ 0,62 para manter a paridade de preços de importação

Michelle Portela
postado em 08/10/2022 03:55
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

A defasagem entre os preços dos combustíveis nos mercados interno e externo está aumentando, o que pode provocar problemas de abastecimento de alguns produtos, segundo agentes do mercado. De acordo com a entidade, os preços do óleo diesel estavam ontem, em média, 11% mais baixos no país, quando comparados às cotações internacionais. Na terça-feira, a diferença era de 8%. Na gasolina, a defasagem permaneceu em 9% no período.

Nos cálculos da Abicom, a Petrobras teria que reajustar o valor do litro da gasolina vendida nas refinarias em R$ 0,32 e o do diesel em R$ 0,62 para manter a paridade de preços de importação (PPI), política seguida pela empresa. A estatal, porém, tem sofrido pressão do Palácio do Planalto para segurar os preços até o fim do segundo turno das eleições. No caso do diesel, o problema é que a defasagem, se mantida por muito tempo, aumenta o risco de desabastecimento, uma vez que as importações se tornam inviáveis, e as refinarias brasileiras produzem apenas 70% do volume necessário para suprir o mercado interno.

"Esperamos que a Petrobras seja coerente com a política de preço estabelecida", afirmou o presidente da Abicom, Sérgio Araújo. "De fato, os preços subiram bastante, com uma defasagem muito elevada. Esperamos que essa diferença seja sentida de forma mais forte na próxima segunda-feira, na abertura de mercado", acrescentou.

O principal motivo para o aumento da defasagem de preços é a alta da cotação do barril do petróleo no mercado internacional, por conta da decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep ) de reduzir a produção e a oferta global da commodity, já afetada pela guerra entre Rússia e Ucrânia. Ontem, o barril de petróleo tipo Brent, principal referência global, chegou a US$ 98,45 nos contratos para entrega em dezembro, com alta de 4,27%. A proximidade do inverno no Hemisfério Norte, quando o consumo aumenta, deve intensificar a pressão sobre as cotações. Além disso, a paridade internacional também sofre influência da taxa de câmbio.

Em nota, a Petrobras afirmou que "não existe uma referência única e percebida da mesma maneira por todos os agentes, sejam eles refinadores ou importadores", e que "segue monitorando continuamente o mercado e os movimentos nas cotações de mercado do petróleo e dos derivados, que atualmente experimenta alta volatilidade". "A companhia reafirma seu compromisso com a prática de preços em equilíbrio com o mercado, sem repassar a volatilidade conjuntural nem movimentos especulativos como os que estão sendo observados recentemente", completou a estatal.

O cenário incerto fez com que os papéis da companhia fechassem em baixa, ontem, na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). As ações ordinárias da estatal sofreram queda de 0,50%, cotadas a R$ 37,44, e as preferenciais recuaram 0,09%, para R$ 33,63. (Com Agência Estado)

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