Eleições 2022

Bancada agroecológica: 153 parlamentares eleitos prometem defender a causa

Pelo menos 153 candidaturas, das 692 que assinaram a carta-compromisso de apoio à agroecologia e à agricultura familiar em todo o país, conquistaram cargos legislativos em 21 estados e no DF, bem como para a Câmara Federal

Michelle Portela
postado em 04/10/2022 18:35 / atualizado em 04/10/2022 18:35
 (crédito:  Zuleika de Souza/CB/D.A Press)
(crédito: Zuleika de Souza/CB/D.A Press)

Pelo menos 153 candidaturas dentre as 692 que assinaram a carta-compromisso de apoio à agroecologia e à agricultura familiar em todo o país foram eleitas neste domingo (2/10). O balanço é da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA). Além de cargos legislativos em 21 estados e no Distrito Federal e na Câmara Federal, dois governadores eleitos estão comprometidos com a produção de alimentos livres de agrotóxicos.

A campanha Agroecologia nas Eleições 2022 é uma iniciativa de incidência política nas candidaturas aos poderes Legislativo e Executivo federais e estaduais conduzida pela ANA. O objetivo é promover o diálogo em torno da construção e do fortalecimento das políticas públicas de valorização da agricultura familiar camponesa, dos povos e comunidades tradicionais e da agroecologia.

O total de eleitos representa 20% das candidaturas que aderiram à campanha Agroecologia nas Eleições. Além dos parlamentares, os signatários foram eleitos para os governos do Amapá, Clécio Vieira (Solidariedade), e do Maranhão, Carlos Brandão (PSB). Dentre os eleitos, 64 são deputados federais e correspondem a 12% da Câmara dos Deputados e outros 87 deverão ocupar cadeiras nos legislativos estaduais.

Entre os nomes que se comprometeram com a pauta agroecológica estão os de Guilherme Boulos (PSol-SP), deputado federal mais votado em São Paulo, Sônia Guajajara (PSol-SP) e Célia Xakriabá (PSol-MG) —primeiras indígenas eleitas por seus estados — e Duda Salabert (PDT-MG), uma das duas mulheres trans eleitas para a Câmara Federal. Outro destaque é a ex-ministra Marina Silva, eleita deputada federal por São Paulo. 

“O movimento agroecológico está começando a formar bancadas nas assembleias legislativas e no Congresso Nacional para defender as propostas da agroecologia e os direitos de trabalhadoras e trabalhadoras do campo, das florestas, das cidades e das águas”, avalia Flavia Londres, integrante da Secretaria Executiva da ANA. “Trata-se de um passo importante no sentido de confrontar o poder da bancada ruralista nos parlamentos”, completa.

Ranking dos estados

Minas Gerais e Rio Grande do Sul foram os estados que escolheram mais candidaturas comprometidas com o setor, com 19 cada. Os gaúchos escolheram 13 novos deputados estaduais e seis federais alinhados à causa, enquanto mineiros elegeram nove federais e 10 estaduais.

O ranking comparativo dos 10 estados com mais candidaturas agroecológicas eleitas indica ainda São Paulo (15), Bahia (15), Rio de Janeiro (13), Paraná (11), Pernambuco (9), Ceará (9), Santa Catarina (6) e Espírito Santo (5). Outras 323 candidaturas (46% do total de adesões) foram escolhidas como suplentes dos legislativos estaduais e federal.

“Avaliamos como uma grande vitória o comprometimento de tantos parlamentares e vamos acompanhar o desempenho dos mandatos, buscando ampliar o número de políticas públicas e o volume de recursos destinados à produção agroecológica no país”, comenta Flavia.

A maioria das candidaturas agroecológicas eleitas pertencem ao Partido dos Trabalhadores (70% do total), seguido do PSol (15%), PCdoB (5%) e outros (10%).

Segundo turno

Vale destacar que a bancada pode crescer ainda mais no segundo turno das eleições gerais de 2022. Entre as candidaturas aos executivos estaduais que podem ser eleitas em segundo turno, se comprometeram com a agenda agroecológica Eduardo Braga (MDB-AM), Rodrigo Cunha (UB-AL), Renato Casagrande (PSB-ES), Jerônimo Rodrigues (PT-BA), Rogério Carvalho (PT-SE) e Décio Lima (PT-SC).

Das 224 candidaturas aos governos estaduais, 43 aderiram à carta-compromisso da ANA, o equivalente a 19% do total. 

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