Para as amantes da moda, comprar uma bolsa de grife é um grande sonho. No entanto, a aquisição do item de luxo pode estar muito além de um capricho, sendo até mesmo uma opção de investimento, já que algumas peças podem se tornar mais caras com o passar dos anos. Antenada ao universo fashion, Jordana Di Paula, de 33 anos, viu a oportunidade de criar uma empresa no ramo de luxo da moda quando uma conhecida pediu ajuda para vender todas as bolsas que ela tinha das marca Hermés, grife francesa mundialmente reconhecida que arranca suspiros e tempo dos interessados — afinal, não é fácil conseguir uma.
À frente do brechó Jords, Jordana começou de forma despretensiosa, e hoje é referência do mercado de luxo nacional. Ciente do diferencial, ela deu início, em 2015, a um negócio pioneiro que evidencia luxo, bom gosto, qualidade e confiança. Nomes como Nati Vozza, Layla Monteiro Naoum e Francesca estão na lista de clientes que apostam em um trabalho que vai muito além da moda e enxerga uma perspectiva muitas vezes ignorada: comprar bolsas de luxo é, de fato, investir na bolsa.
“Vejo os produtos que vendo como um investimento, eles de fato valorizam muito e, a depender da conservação, podemos vender uma bolsa após anos de uso pelo mesmo valor que foi pago”, pondera a empresária que pessoalmente faz a seleção dos produtos que fazem parte do seu brechó, tendo somente peças originais com certificados e garantia.
Mesmo em meio à pandemia, que gerou uma crise global, alguns itens de luxo tiveram valorização significativa, é o que explica a consultora de investimentos Lai Santiago. “Um dos fatores que provocou o aumento dos preços dos artigos de luxo foi a disparada dos custos das matérias-primas. Por conta disso, os consumidores começaram a buscar alternativas mais acessíveis, como a compra dos itens usados, uma oportunidade de manter o padrão de consumo sem desequilibrar o orçamento”, pontua a consultora.
A especialista explica ainda que, com a busca maior pelos artigos usados, o preço destes também acabou subindo bastante. “Essa dinâmica também foi observada nos preços dos carros usados no pós-pandemia. Com o custo elevado de produção e consequentemente disparo dos valores dos carros novos, a procura pelos usados subiu: junto com os preços”.
Prova disso, Jordana recente fez a negociação de uma das mais raras, valiosas e exclusivas bolsas, uma Birkin em couro Himalaia, avaliada em aproximadamente R$ 1 milhão. "Essa bolsa é xodó, por exemplo, da empresária Kylie Jenner, que já declarou que se tivesse um incêndio em sua casa, salvaria sua bolsa", explica a empresária.
Ainda de acordo com Lai Santiago, o segmento de artigos de luxo tem próprias características e peculiaridades, por isso é importante estudar para entender como funciona essa dinâmica antes de entrar de cabeça. “Por exemplo, muitas das peças usadas são únicas e saíram de linha. Se não é possível encontrar novas unidades nas vitrines, aquelas de segunda mão tendem a se valorizar ainda mais. Nesse sentido, é muito semelhante a um artigo colecionável, que aumenta de preço a depender da raridade para encontrá-lo e do valor subjetivo impresso no item”, finaliza a especialista.
Como comprar com segurança
Artigos de luxo como acessórios, roupas e principalmente bolsas, sempre foram cobiçados pelo público. Com as redes sociais em alta, as bolsas de grife tornaram-se desejo de consumo e, para muitos, uma opção de investimento. A influenciadora digital Fernanda Patrício, de 35 anos, é uma cliente deste mercado assídua do mercado de luxo, fez a sua primeira compra parcelado em 10 vezes e algum tempo depois, de passagem por Paris, virou a chavinha de que o artigo de luxo podia ser mais que uma compra, e hoje ela tem uma coleção com mais de 10 peças.
“Minha primeira bolsa de luxo foi uma Neverfull da Louis Vuitton, em 10 vezes na ação de natal em 2011, e lembro como se fosse hoje, essa tenho um carinho especial e não desapego por nada! Tenho paixão por viajar e uma vez em Paris, virou a chave de que poderia fazer dinheiro comprando bolsas lá fora e revender aqui, pois no Brasil tem bolsas que chegam com até três vezes o valor de fora. Fiz isso algumas vezes, mas não tinha muita vocação, chegava no Brasil e não queria vender as peças”, explica Fernanda.
A influenciadora conta que não perde a oportunidade de comprar. “Depende da oferta do momento, compro na loja. Já tenho minhas vendedoras fixas em Brasília há muitos anos, e que me enviam as novidades e eventos em primeira mão. Na LV a Renata, na Prada a Aline, DG o Douglas e na Gucci minha xará Fê, em outras marcas tenho minhas vendedoras on-line e compro muito second hand em Brasília”, explica.
Por se tratar de um mercado com peças de valores relativamente altos, é necessário ter alguns cuidados para não cair em golpes como peças falsificadas, por exemplo. “Vale lembrar a importância de pesquisar bem sobre as empresas que vendem esses itens, assegurando que os valores agregados são altos e as taxas de golpes do mercado on-line cresce cada vez mais. A melhor forma de adquirir o item tão desejado é ir presencialmente até o local de venda onde você possa analisar, olhar todas as características e o estado de conservação da peça desejada”, pontua o economista Christiano Malagutti.
Consumidora assídua do mercado de bolsas de luxo, Fernanda toma cuidado ao adquirir suas peças, e conta que hoje já aprendeu a identificar o que é uma peça original e o que é uma falsa só de olhar. “Não caia nessa de réplica, sempre afirmo que é melhor ter uma peça boa do que várias fuleiras. Se fizer uma conta simples, uma bolsa de marca nacional hoje em dia não custa menos que R$1.000,00. Se o seu sonho é ter uma bolsa de grife, economize, compra de segunda mão ou até mesmo na loja, e dívida no máximo que puder. Um dia, se precisar desapegar, essa bolsa de grife pode valer até o dobro do valor, acreditem", afirma a influenciadora que já viu o valor de uma de suas compras praticamente dobrar com o passar do tempo.
Vale lembrar que o Brasil é um dos poucos países que você pode parcelar seus sonhos de consumo com o cartão de crédito, facilitando cada vez mais a acessibilidade a realização do sonho. “O termo: “bolsa boa não fica velha” deve ser levado a sério, assim como o sonho ou desejo de consumo de quem procura sempre”, pontua Malagutti.