O ministro da Economia, Paulo Guedes, comemorou os dados positivos do Produto Interno Bruto (PIB), que cresceu 1,2% no segundo trimestre deste ano, e afirmou que os analistas do mercado continuarão revisando para cima as previsões deste ano e do próximo. Para ele, o país vai crescer 2,5% neste ano, mas deveria estar crescendo entre 3,5% e 4%. Só que isso não ocorre por conta da política de aperto monetário do Banco Central.
“Em vez de crescer 3,5%, 4%, vamos crescer só 2,5% porque o freio de mão está puxado”, disse ele, nesta quinta-feira (1º/9), em São Paulo, em evento organizado pelo Instituto Unidos Brasil sobre desoneração da folha de pagamentos. Ele contou que conversou rapidamente com o presidente do BC sobre a possibilidade de o PIB brasileiro crescer até 3,0% neste ano.
Durante a apresentação, na tarde de hoje, o ministro defendeu a autonomia do Banco Central, conquistada em 2021, e o trabalho da autoridade monetária, que vem aumentando os juros desde setembro de 2021 para conter a inflação. Na avaliação dele, a inflação está desacelerando e poderá ficar abaixo do teto da meta, de 5%, no ano que vem, e, assim , “com juros baixando, o vento não tem como ser contra”. Ele não descartou a possibilidade de o país crescer mais de 3% em 2023 e avaliou que o Brasil “já fez a decolagem e vai pegar a velocidade de cruzeiro”.
“O Brasil está condenado a crescer, porque está habilitado para receber mais uma onda de investimento além dos R$ 900 bilhões comprometidos para os próximos 10 anos”, afirmou ele, citando como exemplo, o movimento de reorganização das cadeias globais de produção e de transição energética. “O Brasil virou a segurança energética para a Europa e a segurança alimentar para o mundo”, acrescentou.
O ministro voltou a criticar as previsões mais conservadoras do mercado e disse que a economia brasileira já cresceu no primeiro semestre do ano o equivalente à projeção mais otimista do mercado para o acumulado de 2022, e, portanto, o país “vai crescer mais". Ele reforçou que o país continua gerando emprego e renda e repetiu a afirmação de que os dados contrariam narrativas negativas sobre a economia brasileira. "Vamos continuar diferenciando narrativas políticas dos fatos econômicos", disse.
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Ao comentar sobre o Orçamento de 2023 e a falta de recursos para financiar o Auxílio Brasil – substituto do Bolsa Família – de R$ 600 no ano que vem, ele voltou a defender a aprovação da reforma do Imposto de Renda. Segundo ele, apenas com a taxação dos dividendos seria possível arrecadar, “por baixo”, R$ 70 bilhões, que seriam suficientes para cobrir a revisão da tabela do Imposto de Renda, em torno de R$ 17 bilhões, e os R$ 52 bilhões referentes aos R$ 200 adicionais para o auxílio. “Se aprovar, já está pago. É uma possibilidade. Esse compromisso foi assumido”, frisou.
Guedes minimizou as críticas de aumento de riscos fiscais e afirmou que não existem bombas armadas para 2023. “Que bomba fiscal, cara pálida?”, afirmou ele, citando a queda da dívida pública bruta, atualmente em 77,6% do PIB e que poderá passar para 76,6% com a “despedalada” do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que deverá devolver mais R$ 90 bilhões de aportes da União e, com isso, reduzir a dívida bruta em mais um ponto percentual.
Ataques e elogios
Ele aproveitou para alfinetar governos “sociais-democratas” afirmando que houve “um ligeiro desvio” de verbas. Segundo ele, o desenho da arquitetura fiscal do país “nunca foi tão bom” e, agora, com o governo “liberal-democrata”, o país percorre o “caminho da prosperidade”. Enquanto isso, segundo ele, economias vizinhas governadas pela esquerda, como Argentina e Chile, “escolheram o caminho da miséria”.
Apesar de tentar transparecer que não estava fazendo campanha, ele aproveitou o evento para elogiar o ex-ministro da Infraestrutura Tarcisio de Freitas, que concorre ao governo paulista e está em terceiro lugar nas pesquisas. “Eu não vou falar nada de eleição. O Tarcísio foi um ministro extraordinário”, afirmou.