A economia brasileira manteve o ritmo de geração de empregos com carteira assinada, alcançando um saldo positivo de 278.639 postos de trabalho formais em agosto. De acordo com especialistas, mesmo com o resultado sendo menor do que o verificado em agosto de 2021, quando 388.267 vagas foram abertas, o número continua rodando acima da média mensal histórica para o mês.
Os dados do Cadastro-Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho (Novo Caged) mostram que o saldo de criação de empregos formais chegou a 1.853.298 de janeiro a agosto deste ano, e 2.455.662 nos últimos 12 meses. Com isso, o estoque de postos formais de trabalho registrado no Novo Caged é de 42.531.653.
O economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso, explicou que os dados vieram acima da expectativa do mercado, de 267 mil vagas. "Apesar de o resultado ter sido 25,4% inferior ao de agosto de 2021, o número ficou acima da média histórica de 170 mil registrada para o mês na série estatística desde 2007", disse.
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Todos os setores da economia tiveram desempenho positivo, com destaque para o de serviços, responsável pela abertura de 141.113 vagas. A indústria de transformação, apesar de vir apresentando indicadores fracos de produção, teve o segundo maior crescimento, com a criação de 52.760 postos formais. Também foram positivos os saldos do comércio (41.886), da construção civil (35.156) e da agropecuária (7.724).
O ministro do Trabalho e Previdência, José Carlos Oliveira, destacou que agosto foi o terceiro mês em que o setor industrial registrou alta nas contratações. "Isso quer dizer que estamos retomando o movimento da indústria brasileira, e isso é importante porque traz um valor agregado aos nossos produtos e eleva a média da renda dos brasileiros. A indústria, via de regra, requer melhor qualificação e, consequentemente, paga maiores salários", afirmou.
No mês passado, o salário médio real de admissão com carteira assinada subiu para R$ 1.949,84, ante R$ 1.920,57 em julho. Em agosto de 2021, a remuneração inicial estava em R$ 1.951,30.
“Houve o aumento no setor de serviços pois foi justamente lá que nós tivemos um aumento de atividade econômica. Áreas que envolvem a Black Friday e que apontam ao fluxo de final de ano, inclusive com vagas para o Natal. Devemos frisar o setor de tecnologia, que está totalmente ligado ao setor de serviços de um modo geral”, apontou Roberto Gonçalves, CEO da eBox Digital S.A.
Construção
O setor da construção civil teve o desempenho mais destacado no acumulado do ano, com um crescimento de 10,89% na oferta líquida de vagas. O engenheiro Luciano Machado, sócio da MMF Projetos, contou que, no setor industrial, não só as empresas têm contratado, como a mão de obra especializada tem sido disputada. "Recentemente, trouxemos pessoas e perdemos pessoas para outras empresas que oferecem melhores salários, melhores oportunidades, não só dentro da engenharia, mas também para serviços de campo, que não precisam de um nível técnico tão aprimorado, mas exigem experiência", relatou.
"Muitos projetos foram executados neste ano e as obras têm tudo para acontecer a partir do ano que vem. Então, a infraestrutura é uma área que vai alavancar muito a absorção de mão de obra", afirmou Machado.
Já o secretário do Trabalho e Previdência do Ministério do Trabalho, Mauro de Souza, disse que o saldo positivo de 1,853 milhão de empregos no ano indica estabilidade na geração de vagas, depois do boom ocorrido em 2021, por conta da retomada das contratações após a pandemia do coronavírus. "Sabíamos que não repetiríamos os números de 2021, mas temos agora um cenário estável e positivo", completou.
Para o economista da LCA Consultores Bruno Imaizumi, os números de agosto foram positivos, mas há a possibilidade de perda de fôlego na geração de vagas a partir dos dados de setembro. "A desaceleração deve ficar mais evidente no quarto trimestre, com o impacto dos juros elevados na atividade econômica, e prosseguir em 2023", observou. (Com Agência Estado)
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