O Banco Central do Brasil e o Federal Reserve (Fed, banco central norte americano) vão anunciar nesta quarta-feira (20/9) as decisões de política monetária. Especialistas afirmam que o Consumer price index (CPI, Índice de preços no consumidor americano) de agosto não deve mudar o ritmo de altas sucessivas. Entretanto, no Brasil, boa parte do mercado acredita que a Selic será mantida no mesmo patamar.
De acordo com João Beck, economista e sócio da BRA, o CPI de agosto sugere que a inflação americana ainda vai demorar a ceder. “O FED não deve mudar o ritmo de altas sucessivas de 75 pontos para não desestabilizar a economia, promovendo um período prolongado de altas das taxas até a economia dar sinais de desaceleração”, analisa. Para ele, a taxa de poupança, após sucessivos programas de estímulo, é alta e isso dificulta o arrefecimento do consumo. Por conta disso, o FED por ter que subir taxa para níveis acima de 4%.
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O especialista em finanças, Leandro Vasconcellos, diz que a situação americana é sem precedentes na história. “Analisando as taxas de emissão dos títulos do tesouro americano hoje podemos perceber que as taxas dos títulos mais curtos estão bem maiores do que aquelas dos títulos mais longos, e normalmente isso indica uma possível recessão mais forte pela frente”. Segundo o especialista, o FED estará diante de um dilema - reduzir os juros para evitar a recessão e deixar a inflação sem controle, ou controlar a inflação e aprofundar a recessão.
Copom
O cenário no Brasil se mostra mais calmo, onde boa parte do mercado acredita que a Selic será mantida no mesmo patamar. Mas Alexsandro Nishimura, economista e sócio da BRA, destaca que isso não necessariamente será o fim do ciclo de aperto monetário. “Me parece apropriado que o Copom faça uma pausa para avaliação, visto que o cenário prospectivo incorpora uma estabilização da inflação, com contribuição baixista da inércia de 2022, derivada do corte de impostos e recuo dos preços de combustíveis, além da valorização do real, efeitos da atual política monetária restritiva e queda das expectativas de inflação já vistos na Focus”.
Beck também espera a manutenção da taxa Selic em 13,75%, com o Copom adotando tom rígido e sinalizando a manutenção prolongada de taxa de juros altas pelo tempo que for necessário. “Desde a última reunião, as expectativas de inflação melhoraram, enquanto dados de atividade surpreenderam positivamente, mas a demanda interna ainda forte e o mercado de trabalho com recuperação sólida podem atenuar uma provável desinflação. A política monetária doméstica já se encontra em território restritivo e o cenário global de desaceleração também contribui para atenuar o crescimento local", diz.
Vasconcellos destaca que já existem novos cálculos indicando que o IPCA pode encerrar o ano abaixo do 6%, o que deixa o índice próximo do teto da meta. “Mesmo com a economia brasileira apresentando resultados surpreendentes em 2022 ainda é cedo para dizermos que o ciclo de altas esteja realmente no fim. Embora estejamos em um cenário de queda nos últimos dois meses no país, a inflação historicamente se retroalimenta e gera novas pressões, e essa realidade pode mostrar um Banco Central mais cauteloso amanhã".
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