Mercados

Bolsa registra perdas de R$ 102,7 bilhões em apenas quatro dias

Conforme levantamento feito por Einar Rivero, a retração de 2,69% da B3 na semana resultou em perdas milionárias de valor de mercado das ações listadas na bolsa brasileira

Rosana Hessel
postado em 17/09/2022 03:55
 (crédito: Luiz Prado/Divulgação)
(crédito: Luiz Prado/Divulgação)

Após encerrar o pregão de ontem recuando 0,61% a 109.280 pontos, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) fechou a semana no vermelho, acompanhando o mercado internacional, e registrou perdas superiores a R$ 100 bilhões em apenas quatro quedas seguidas.

Conforme levantamento feito por Einar Rivero, head comercial da Trademap, central independente de serviços financeiros, a retração de 2,69% da B3 na semana resultou em R$ 102,7 bilhões em perdas de valor de mercado das ações listadas na bolsa brasileira. Os papéis da Petrobras e da Ambev lideraram as perdas na semana, com desvalorização de R$ 13,6 bilhões e de R$ 7,08 bilhões, respectivamente, de acordo com Rivero. Em terceiro lugar no ranking, as ações da Vale tiveram depreciação de R$ 5,97 bilhões no mesmo período.

Ontem, o Índice Bovespa (IBovespa), chegou a recuar 1,33%, para 108.489 pontos, menor patamar desde 9 de agosto deste ano, com destaque para as ações da Natura, que desabaram 10,5% após comunicado em que a empresa desmente a cisão de subsidiárias no processo de reestruturação da companhia. No acumulado do ano, contudo, a B3 ainda registra ganhos de 4,25%, mas perde para a inflação (4,39% de janeiro a agosto) e para a poupança (rendimento de 5,76% até setembro).

O tombo da B3 na semana acompanhou o mau humor generalizado nos mercados internacionais em meio ao aumento do risco de uma recessão global com a perspectiva de um aperto monetário mais forte nos países desenvolvidos, principalmente nos Estados Unidos após os dados de inflação ficarem acima do esperado. As bolsas internacionais estrangeiras fecharam no vermelho ontem. Em Nova York, o índice Dow Jones recuou 0,45%, enquanto o Nasdaq teve queda de 0,9%.

"O mercado está antecipando o impacto da alta de juros nos EUA, na semana que vem. A Bolsa está acompanhando mais o cenário norte-americano", destacou Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.

Julio Hegedus, economista-chefe da Mirae Asset, destacou ainda que o mercado ficou mais tenso após a inflação da Europa vir mais elevada, acumulando alta de 9,1% em 12 meses. "Soma-se a isso, alguma tensão com a aliança entre China e Rússia", acrescentou. Ele não descartou as incertezas em relação aos programas econômicos dos candidatos na eleição presidencial.

Diante da expectativa de mais juros nos países desenvolvidos, o dólar voltou a subir frente ao real. A divisa norte-americana teve alta de 0,38%, ontem, e encerrou o dia cotada a R$ 5,259 para a venda. Conforme dados da RB Investimentos, o real foi a moeda emergente que mais perdeu valor na semana, acumulando queda de 3,17% em cinco dias. Segundo Gustavo Cruz, a queda reflete um pouco a leitura da atividade aquecida, tirando força da desaceleração da inflação, apesar de a curva de juros ter subido.

Vale lembrar que os investidores estão deixando a bolsa brasileira. Em setembro, até o dia 14, o volume de retiradas somou R$ 1,5 bilhão, conforme os dados da B3. No acumulado do ano, o fluxo ainda é positivo em R$ 85,4 bilhões.

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