A caderneta da poupança, investimento mais tradicional do Brasil, registrou recorde de saques em agosto. Os brasileiros sacaram R$ 22,02 bilhões a mais do que depositaram na poupança, segundo relatório do Banco Central divulgado nesta segunda-feira (6/9). É a maior diferença para um mês desde o início da série histórica, em 1995, sendo que a bolsa já acumula retirada líquida de R$ 85,17 bilhões nos oito primeiros meses do ano, o que também representa a maior marca desde 95.
Em 2020, a poupança tinha apresentado saldo positivo recorde de R$ 166,31 bilhões, marca alavancada pela instabilidade no mercado de títulos públicos no início da pandemia de covid-19 e o pagamento do auxílio emergencial, que foi depositado diretamente em contas poupança digitais da Caixa Econômica Federal.
No ano passado, a caderneta teve retirada de R$ 35,5 bilhões, pressionada pelo fim do auxílio emergencial e pelos baixos rendimentos que afetaram a economia mundial como um todo. Nesse período a retirada líquida só não foi maior que em 2015 e em 2016, R$ 53,57 bilhões e R$ 40,7 bilhões, respectivamente.
A tendência continuou para 2022, já que a aplicação apresentou mais depósitos que saques apenas em abril, quando o fluxo ficou positivo, com R$ 3,51 bilhões. Vale ressaltar que o recorde negativo foi registrado no último mês diante dos pagamentos pelo governo federal de benefícios sociais como o adicional do Auxílio Brasil e benefícios a caminhoneiros e taxistas, que impulsionaram os saques junto aos bancos.
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Em um cenário de inflação e endividamento, uma das questões levantadas a respeito dos resultados negativos é que a poupança perdeu competitividade por causa dos aumentos da taxa Selic, os juros básicos da economia brasileira, que também tornam outras aplicações de renda fixa mais atraentes.
Investimento
Desde dezembro do ano passado a aplicação passou a render o equivalente à taxa referencial (TR) mais 6,17% ao ano, porque a Selic voltou a ficar acima de 8,5% ao ano, sendo que hoje, os juros básicos estão em 13,75% ao ano. O aumento dos juros, no entanto, foi insuficiente para fazer a poupança render mais que a inflação, provocando a fuga de alguns investidores.
Segundo o Banco Central, nos 12 meses terminados em agosto, a aplicação rendeu 6,72%, índice abaixo da inflação, pois no mesmo período, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), que funciona como prévia da inflação oficial, atingiu 9,6%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
*Estagiário sob a supervisão de Ronayre Nunes
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