TRABALHO

Emprego formal cresce, mas em ritmo mais lento, diz Caged

Criação de vagas com carteira assinada cresce em julho, puxada pelos setores de serviços e de construção civil. Total de 218,9 mil postos fica abaixo do registrado em maio e no mesmo mês do ano passado

O Brasil criou 218,9 mil empregos com carteira assinada em julho, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência. O saldo mensal foi resultado de 1.886.537 contratações e 1.667.635 desligamentos. Com os dados do último mês, o país chegou a um estoque recorde de 42,2 milhões de empregos formais registrados no Novo Caged.

Nos sete primeiros meses do ano, o país gerou 1,5 milhão de empregos formais e, nos últimos 12 meses, o saldo positivo chegou a 2,5 milhões. No entanto, houve piora em relação a julho do ano passado, quando foram criados 306,5 mil empregos formais, e também uma desaceleração referente ao mês anterior, em que foram abertas 278,7 mil vagas. A tendência, de acordo com os especialistas, é de uma certa estabilidade na geração dos postos de trabalho, após o início da recuperação da pandemia.

"A dinâmica das admissões, com ajuste, é cadente, ao passo que as demissões seguem ao redor do mesmo patamar", afirmou Étore Sanchez, economista da Ativa Investimentos. Segundo ele, o número de julho traz uma desaceleração mensal, mas está longe de permitir falar em um processo de desaquecimento intenso do emprego formal.

Os dados do Caged registram apenas os empregos com carteira assinada. Por isso, são diferentes dos apurados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que incluem o mercado informal de trabalho.

Todos os cinco grandes grupamentos de atividade econômica registraram saldos positivos em julho, sendo o maior crescimento no setor de serviços, com saldo positivo de 81,8 mil postos de trabalho formais, seguido da indústria, que registrou 50,5, mil e do comércio, com geração de 38,5 mil vagas no mês.

Os empregos estão sendo puxados pelo setor de serviços, um dos mais impactados pela pandemia. Lara Reina, de 23 anos, se formou em comunicação em dezembro do ano passado e, desde então, buscava o primeiro emprego. "Cheguei até a perder a esperança. Estava muito difícil conseguir qualquer vaga", contou. No mês passado, Lara conseguiu a tão sonhada vaga de social media em uma grande empresa do comércio varejista. "Com carteira assinada, a gente sabe que os nossos direitos vão ser cumpridos, e sente bem mais segura do que como autônoma ou pessoa jurídica", disse.

No acumulado do ano, o setor da construção civil foi o que teve desempenho mais destacado, com um crescimento de 9,38% no estoque de empregos formais, puxando os demais setores. Os serviços geraram 874,2 mil vagas, seguidos pela indústria, com 266,8 mil novos empregos.

A construção tem apresentado um nível de atividade maior do que o esperado, ainda reflexo da baixa taxa real de juros observada no início de 2021. "O setor é bastante intensivo em capital e o ciclo de negócio é maior do que em atividades como indústria e varejo, dado que existe uma defasagem entre vendas, construção e entregas", observou o economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso.

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Salário

Julho também foi o segundo mês consecutivo em que o salário médio real de admissão apresentou crescimento, alcançando a média de R$ 1.926,54, variação positiva de 0,80% em relação ao mês anterior. Segundo o ministro do Trabalho e Previdência, José Carlos Oliveira, os motivos da alta foram a deflação ocorrida no mês e a recuperação da indústria, que paga maiores salários. "Foi o segundo mês consecutivo em que a indústria cresceu, diminuindo o desemprego", afirmou.

A expectativa do governo é que o emprego formal continue em trajetória ascendente nos próximos meses, ainda que em ritmo cada vez mais moderado. Em 2021, foram abertas 2,7 milhões de vagas com carteira assinada. A projeção oficial é fechar este ano entre 2,3 milhões e 2,4 milhões.

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