Ao menos 54% dos micro e pequenos empresários estavam desempregados quando decidiram criar o seu próprio negócio. É o que mostra a segunda edição do Indicador Nacional da Micro e Pequena Indústria, pesquisa realizada pelo Datafolha a pedido do Sindicato da Micro e Pequena Indústria de São Paulo (Simpi). Os dados foram coletados entre 7 e 27 de julho de 2022.
O levantamento também revela que outros 42% dos entrevistados estavam empregados quando decidiram largar o trabalho para empreender. O índice é maior entre nordestinos, uma vez que 62% dos novos empreendedores daquela região estavam desempregados quando abriram o seu negócio. No Sudeste, empreendedores com esse perfil são 56%; 49%, no Centro-Oeste e no Norte; e 47%, no Sul do país.
Contudo, 74% dizem estar em situação financeira melhor do que antes de empreender, contra 12% que dizem estar pior. “As pessoas montam a sua própria por falta de emprego e de colocação, ou de extrema dificuldade, e acreditam que montar o seu negócio é uma solução. Outras se consideram mais qualificadas e competentes, achando que têm melhores oportunidades se trabalharem por conta própria”, diz Joseph Couri, presidente do Simpi.
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Horas trabalhadas
A jornada de trabalho surge como um dos pontos-chave na decisão em empreender. “Outro aspecto que leva as pessoas a montar a sua empresa é a realização financeira. A pesquisa também demonstra que 74% daqueles que montaram o seu negócio estão financeiramente melhor, então, se aprofundarmos um pouco mais, chegamos a um ponto polêmico, quantas horas essas pessoas trabalham”.
Entre as principais dificuldades enfrentadas pelos novos micro e pequenos empresários está a burocracia, com 16% reclamando da documentação necessária para abrir uma micro ou pequena empresa. Outros 16% dos entrevistados apontam que a principal dificuldade é o acesso ao crédito, enquanto outros 12% estão insatisfeitos quanto ao acesso a recursos para investir.
“O principal problema do sistema, com certeza, é a prevalência da burocracia. É uma documentação atrás da outra, normas, procedimentos, leis, decretos e portarias, todo dia, e é praticamente impossível para alguém que tem uma micro e pequena empresa acompanhar a evolução disso. Ele é sempre pego na contramão quando as normas são instituídas e nem se toma conhecimento”, diz.
“Fora isso, o acesso ao crédito é uma dificuldade crescente, um tabu no Brasil, pelo risco da inadimplência. Isto força a usar cheque especial para rodar com juros impossíveis. As empresas vinham da pandemia e começaram a se recuperar quando foram atropeladas pela guerra. Então, enquanto não houver condições de acesso ao crédito e custo do crédito em igualdade de condições competitivas com o mundo, nós jamais teremos uma política de crescimento capaz de concorrer com o mundo”, avalia.