O Auxílio Brasil de agosto, no valor de R$ 600, que começou a ser pago ontem pela Caixa Econômica Federal (CEF), será usado pelas famílias de baixa renda para garantir o consumo básico. A quantia de R$ 600,00 será paga até dezembro e, segundo o Ministério da Cidadania, 2,2 milhões de famílias foram incluídas neste mês na folha do benefício. A despesa com o auxílio, em agosto, alcança R$ 12,1 bilhões.
Morador do Sol Nascente, Diones Santos do Nascimento, 33 anos, tem dois filhos, e há dois está desempregado. Segundo ele, o dinheiro irá ajudar nas provisões do dia a dia. “Já é a quinta ou sexta parcela que eu recebo do auxílio, e vou usar o dinheiro para pagar aluguel e comprar as coisas aqui de casa. Eu tenho uma criança de um ano e três meses e outra de dois anos. Esse dinheiro é bem usado, graças a Deus. Antes eu trabalhava de eletricista no Senado, mas a empresa mandou alguns funcionários embora e, agora, estou trabalhando com reciclagem, na rua.”
Às vésperas do primeiro turno das eleições, o pagamento do benefício foi antecipado pelo governo. A ordem de liberação seguirá o Número de Identificação Social (NIS) do beneficiário. Ontem, começaram a receber os beneficiários cujo NIS termina em 1. O pagamento dos demais será feito até o dia 22 deste mês. Os benefícios são pagos pelo aplicativo do Caixa Tem, que permite que o valor seja utilizado para compras em supermercados, padarias, farmácias e outros estabelecimentos.
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Pobreza
Cíntia Lima, 24 anos, está desempregada, mora em Samambaia Norte, e tem duas filhas Ela conta que o dinheiro do Auxílio Brasil será usado para pagar contas e comprar alimentos. “Eu recebia o Bolsa Família desde o final do ano passado. Aí, no começo deste ano, comecei a receber o Auxílio Brasil de R$ 400. Vou usar o dinheiro para pagar algumas contas como a de luz e de internet e comprar alguns alimentos e fraldas para minhas filhas.”
O Auxílio Brasil é destinado a famílias que estão na pobreza (renda per capita mensal de R$ 200) ou na extrema pobreza (renda de R$ 100). Na avaliação do economista e pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Felipe Queiroz, o benefício servirá para possibilitar o mínimo do consumo básico e ajudará a fomentar a atividade econômica. No entanto, o país enfrenta uma situação de inflação elevada, o que pode alterar os padrões de consumo.
Segundo o economista André Braz da Fundação Getulio Vargas (FGV), a alta inflação nos alimentos é o que mais prejudica as famílias de baixa renda. “Provavelmente esses recursos vão ser utilizados para melhorar o acesso à alimentação, e isso é bom, por um lado. Por outro, essa demanda maior por alimentos pode retardar um pouco a tendência de desaceleração da inflação”, observou.
Queiroz salienta, ainda, que “as bases que construíram esse auxílio são frágeis” e não serão sustentadas a partir de janeiro do próximo ano. “Foi aberta uma brecha no orçamento e investimentos em outras áreas foram cortados. Esse governo está usando o auxílio com um viés totalmente eleitoreiro. Todas as falas do governo até aqui foram contra o combate da pobreza e da desigualdade”, afirmou.