Kerlei Eniele, vice-presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo (ANPTUR), comentou as mudanças no setor atreladas às novas tecnologias discutidas pela comunidade acadêmica em conjunto com o mercado. O assunto foi uma das pautas do Correio Talks "A nova fase do comércio e do turismo: mais empregos e mais renda".
O seminário é promovido pelo Correio nesta quinta-feira (4/8), com apoio da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Uma das questões levantadas por Kerlei no evento foi a migração da dinâmica comercial para plataformas digitais a partir de fevereiro de 2020, em razão da crise sanitária da covid-19.
Segundo Eniele, a comercialização on-line tem “revolucionado a dinâmica dos consumidores no turismo”. “Teve um impacto muito grande, especialmente em agências de turismo que tiveram que se adaptar. Porém, com o advento das cidades turísticas inteligentes que vêm sendo amplamente debatidas no ambiente acadêmico, entendemos que é uma novidade para o turismo que já influenciou bastante e ainda vai influenciar muito no período pós pandêmico”, afirmou.
A vice-presidente da ANPTUR disse que, apesar da queda do mercado de destinos internacionais nos últimos dois anos, as viagens domésticas se intensificaram. “Isso de certa maneira é positivo porque é um novo processo de regionalização do turismo feito pelo governo e por várias instituições.”
“Mas, claro, é importante que tornemos o turismo nacional mais seguro, eficiente e estruturado para atrair cada vez mais pessoas”, acrescentou.
Setor hoteleiro
Para Kerlei Eliane, é difícil mensurar o impacto na rede hoteleira. No entanto, a especialista relatou que já há uma série de estudos sobre fatores de imersividade do turismo afetados por locações tradicionais. “Já havia uma série de outras discussões como a impactação cultural para experiência do turismo, principalmente em áreas litorâneas”, afirmou.
“Considerando um turismo cumpridor da agenda 2030, relacionada à sustentabilidade e à responsabilidade social do turismo, no estímulo às pequenas empresas, ao campo das arte e da cultura, muitas vezes a hotelaria tradicional acaba se opondo a uma experiência mais genuína”, completou.
Entretanto, ela ponderou que há espaço para as duas possibilidades: o setor tradicional e as novas alocações. Uma das tecnologias citadas foi o modelo Airbnb, serviço on-line comunitário sem remediação de grandes empresas para as pessoas anunciarem, descobrirem e reservarem acomodações e meios de hospedagem.
“Ainda temos uma demanda muito alta por essas locações, até por segurança. Muitas vezes redes tradicionais acabam se sobrepondo porque se incluíram também nas plataformas e não estão se limitando ao método antigo. Isso já mostra uma melhoria. E há espaço para as duas atividades. Temos demanda, famílias que preferem mais tradicionais e tem os aventureiros que preferem maior imersão”, finalizou.
*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro