PRODUTO INTERNO BRUTO

Guedes: 'PIB poderia crescer 4% neste ano se não fossem os juros'

"O PIB era para subir 4% neste ano, mas tem os juros e eles devem subir mais", disse Paulo Guedes em evento da XP Investimentos

São Paulo - O ministro da Economia, Paulo Guedes, engatou a quinta marcha do discurso otimista para as eleições deste ano e voltou a comemorar as revisões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. Guedes ainda afirmou que o país só não vai crescer mais do que os 2% projetado pelo governo por conta da alta dos juros, que travam o crescimento.

“Quando simplifica e reduz impostos, a economia sai voando. A baleia estava arpoada e sangrando e agora está querendo se mexer. O PIB era para subir 4% neste ano, mas tem os juros e eles devem subir mais”, disse ele, nesta quarta-feira (03/08), pouco antes de o Banco Central elevar a taxa básica da economia (Selic) de 13,25% para 13,75%.

A declaração foi dada em palestra no primeiro dia da feira Expert XP 2022, organizada pela XP Investimentos, em São Paulo. Durante a fala de aproximadamente uma hora, o ministro foi bastante aplaudido pelo auditório lotado de farialimers – apelido dado aos profissionais do mercado financeiro da Faria Lima, famosa avenida da capital paulista.

O ministro, desde que assumiu o cargo, tem usado a analogia da baleia para comparar o país que o atual governo recebeu de seus antecessores e evitou fazer críticas ao papel do Banco Central, que conquistou a autonomia em fevereiro do ano passado. “Esperamos dois anos e, quando a inflação subiu, aprovamos o BC independente”, afirmou. “Mas eu não vejo e não falo. Cada um tem sua função”, reforçou diante da expectativa de nova alta da Selic, que foi aprovada por unanimidade.

Ao comentar sobre o cenário de recessão global, com Estados Unidos, Europa e China em processo de desaceleração, ele voltou a afirmar que o Brasil está no início de crescimento econômico e vai decolar e crescer acima das previsões atuais em 2023, em grande parte, devido à redução de tributos em curso e aos marcos regulatórios aprovados pelo atual governo, como o do saneamento, das falências, dos aeroportos, das ferrovias e do 5G, que garantem “R$ 890 bilhões já contratados em investimentos para os próximos 10 anos”.

“O Brasil é uma nação gigante. Somos resilientes. A inflação está descendo ,e no resto do mundo, começando a subir, o desemprego aumentando e o crescimento (deste ano) revisto para baixo”, disse. “O Brasil continua revendo as taxas de crescimento para cima. Abrimos 388 mil empresas em um mês, no mês passado”, disse.

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IPI zerado

O ministro afirmou que pretende dar continuidade à política de redução de tributos – não apenas sobre combustíveis – e prometeu zerar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), mas não revelou a data. Ele ainda antecipou novo crescimento na arrecadação federal em julho, de 9%, sem citar valores. Segundo ele, será divulgado “um novo recorde” e reconheceu que boa parte das receitas são oriundas de dividendos que estão financiando os benefícios aprovados pela PEC Kamikaze, como ele chamava. “Graças à nossa administração, as estatais que davam prejuízo de R$40 bilhões, passaram a registrar um lucro de R$ 188 bilhões por ano.

Guedes voltou a criticar a falta de avanço da reforma tributária do Executivo, proposta em partes, e o fato de uma fatia da proposta – a que trata da correção da tabela do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) e a taxação de dividendos, estar parada no Senado Federal. Segundo ele, com essa reforma seria possível conseguir financiar os cerca de R$ 60 bilhões adicionais no Orçamento de 2023 para pagar o Auxílio Brasil de R$ 600 reais no próximo ano.

“Se tem esses recursos, vamos pegar a parte dos dividendos e vamos transferir para os mais pobres. Está na nossa proposta de reforma tributária”, afirmou ele, defendendo a proposta que está parada no Congresso.

Guedes voltou a rebater as críticas sobre o pacote de medidas eleitoreiras implementado pela PEC Kamikaze e que o próximo governo, seja ele qual for, dificilmente conseguirá interromper essa gastança fora do teto de gastos que, por enquanto, é de R$ 41,2 bilhões mas tende a dobrar no ano que vem.

Superavit e emprego

O ministro negou problemas nas contas públicas e voltou a afirmar que “o fiscal continua forte” e negou que as pedaladas nos precatórios – dívidas judiciais que Guedes chamou de “capeta que pulou da moita” –, dadas no Orçamento deste ano não são calote. “Demos previsibilidade de uma despesa que estava subindo mais rápido do que a da Previdência Social.

O chefe da equipe econômica, inclusive, afirmou que o setor público consolidado vai conseguir registrar superavit primário (economia para o pagamento dos juros da dívida pública) “pelo segundo ano seguido”. Além disso, prometeu que a taxa de desemprego chegará a 8% no fim do ano. "Deixe a turma do mas falando. Temos resiliência. Avançamos mais do que os países avançados depois da pandemia. Estamos criando 200 mil a 300 mil empregos formais por mês. O desemprego está desabando. Vamos chegar a 8% no fim do ano. Não se assustem. O pior já passou”, avaliou.

*A jornalista viajou a convite da XP Investimentos

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