Funcionalismo

"A máquina está no seu limite", diz Bolsonaro sobre concursos públicos

Presidente diz que, se for reeleito, vai reduzir o número de seleções para preencher cargos públicos

Ingrid Soares
postado em 31/08/2022 05:47 / atualizado em 31/08/2022 05:48
 (crédito: Ed Alves/CB)
(crédito: Ed Alves/CB)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que, caso reeleito, vai procurar reduzir o número de concursos públicos no país para "proteger os atuais servidores". O chefe do Executivo alegou que, com o inchaço da máquina pública, não haverá dinheiro para pagar a todos os funcionários e ainda comentou sobre a extinção de 20 mil cargos de comissão em 2019, quando assumiu o posto. As declarações ocorreram na sabatina organizada pelo Instituto União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (Unecs) com candidatos à Presidência da República.

"Evitar os concursos públicos até para proteger os atuais servidores que estão aí. Eu sei que os jovens ficam chateados, querem um concurso, mas a máquina está no seu limite. Vai chegar num ponto em que não vai ter dinheiro para mais ninguém", afirmou Bolsonaro.

A política de restrição de concursos vem sendo adotada desde o início do atual governo, sob protesto de entidades ligadas aos servidores, que argumentam falta de pessoal em diversas órgãos da administração. O ministro da Economia, Paulo Guedes, no entanto, alega que boa parte do serviço oferecido pela administração pública pode ser suprido por meios digitais.

No encontro com os empresários, o presidente disse ainda aguardar a aprovação da reforma administrativa para "futuros servidores". O governo chegou a encaminhar ao Congresso uma proposta de reforma (PEC 32) que foi duramente combatida pelo funcionalismo e acabou engavetada pelos parlamentares. "Essa é a nossa proposta: se houver reeleição, essa reforma o Parlamento que vai decidir, e fazer com que tenhamos um novo quadro de servidores", frisou. Mas ele reconheceu a dificuldade de aprovação da medida: "A maior reforma administrativa que fizemos foi a contenção de concursos. Reforma administrativa é muito difícil aprovar no Parlamento".

Bolsonaro reconheceu a dificuldade de manter o monitoramento das fronteiras do país e afirmou que esse trabalho precisa do reforço do efetivo da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF)". Mais uma vez, comprometeu-se a dar reajuste salarial aos servidores em 2023 e a reestruturar a carreira da PRF.

"Gostaria de ter feito uma reestruturação para eles neste ano, mas não foi possível porque outros setores ameaçaram com greves e outras medidas, e isso podia até mesmo parar o país. Não é fácil mexer com alguns setores do serviço público altamente politizados", disse. "Acredito que, no ano que vem, dê para resolver isso daí", prometeu.

A respeito da reforma trabalhista, caracterizou a medida como "bem-vinda" e aproveitou para alfinetar o adversário na corrida eleitoral, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Uma outra pessoa vem falando que vai revogar isso daí. O maior tratamento digno ao empregado é o emprego, e vamos continuar agindo dessa maneira", afirmou.

Questionado sobre as possíveis políticas voltadas ao refinanciamento de dívidas das empresas, Bolsonaro alegou que, com a queda da inflação, o Banco Central poderá começar a reduzir a taxa básica de juros. "Qualquer palavra minha um pouco distorcida, ou não muito bem compreendida, mexe no dólar hoje à tarde. Eu quero que o dólar continue caindo. Vocês têm dívidas, e o BC (Banco Central) é independente agora. Acredito que a taxa de juros comece a cair. O nosso governo chegou a 2% com prós e contras, e está em 13% aproximadamente no momento. Acho que o melhor sinal é esse: com deflação, acredito que a taxa de juros comece a cair e passe a ajudar todos vocês", disse. Bolsonaro afirmou, ainda, que poderia marcar uma reunião entre os empresários do setor e o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Pix

Ao contrário do que vinha dizendo sobre o Pix, sistema de pagamento instantâneo do BC, o presidente afirmou que a medida "não trouxe quase nada de prejuízo" para as instituições financeiras. Em discursos de campanha, ele alegava que o Pix, que não cobra taxa dos consumidores para transferir recursos, havia provocado perdas bilionárias ao sistema financeiro. Ontem, porém, sustentou que "os bancos têm mecanismos para fazer com que seu lucro não diminua".

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