Eleições 2022

Guedes ao defender reeleição do chefe: "Precisamos de dois Bolsonaros"

Paulo Guedes afirmou que reeleição "devia acabar", mas só depois que o presidente for eleito. Além disso criticou FHC, que, segundo ele, "cometeu o maior erro contra a democracia" ao aprovar a emenda do segundo mandato

Rosana Hessel
postado em 26/08/2022 16:32 / atualizado em 26/08/2022 20:14
 (crédito: Reprodução)
(crédito: Reprodução)

Um dia após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ser sabatinado em entrevista no Jornal Nacional, da TV Globo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a atacar os governos sociais-democratas que antecederam o atual em um intuito de valorizar a própria gestão. Ele não poupou críticas a Lula, à ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e, apesar de confessar que é contra a reeleição, defendeu o segundo mandato de Bolsonaro como forma de manter a continuidade da atual política de governo que, para ele, está fazendo o país decolar.

“Continuo contra a reeleição, mas se tivesse um Lula, uma Dilma e um FHC. Mas como tem dois Lulas, duas Dilmas e dois FHCs, é preciso dois Bolsonaros. Daí para frente, devia acabar com a reeleição, porque é muita briga. Não é saudável”, afirmou, nesta sexta-feira (26/8), em evento da Associação da Classe Média (Aclame), em Porto Alegre, em um claro discurso eleitoreiro.

“E quem cometeu o grande erro com a democracia brasileira foi o FHC, que o PT disse, que comprou a reeleição. Ah, eu não sei de nada, eu aprendi que toda acusação é muito séria. Só estou dizendo que me contaram como o jogo que o Fernando Henrique tinha comprado. E parece que gostaram, dominaram a técnica e ficaram bastante tempo”, acrescentou.

Durante a fala, de cerca de duas horas, o ministro procurou se defender das críticas de que não tem um plano econômico, nem planejamento, uma vez que, quando assumiu, acabou como Ministério do Planejamento para criar o superministério da Economia. Ele até disse que quem fala isso “não entende de tchongas”.

“Deixem os outros trabalharem um pouco. Tudo o que estamos fazendo, todo mundo sabe”, afirmou, acrescentando que quem acha que tem que recriar o Ministério do Planejamento tem uma “concepção equivocada”. “Fizemos o contrário do que fizeram. Aumentaram imposto durante 40 anos. Vamos fazer o contrário”, completou.

“Corre do chinês”

Guedes também voltou a defender o fim do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), ao comentar sobre o terceiro decreto de redução do tributo, de 35%, mas recompondo as alquotas de produtos da Zona Franca de Manaus, cuja lista foi aumentando gradualmente até chegar nos 170 do último decreto, publicado nesta semana. E, com isso, ele a fazer a analogia de que está tirando, gradualmente, os impostos, que são o piano sobre as costas do empresário que tem duas bolas de ferro amarradas nas pernas — a dos encargos e a dos juros altos. “Depois falam para ele: corre do chinês que ele vai te pegar”, ironizou.

“Estamos tirando (os impostos) aos poucos, mas não somos trouxas”, afirmou ele, ao comentar sobre a redução em 20% do imposto de importação, em um sinal da promessa de abertura comercial.

Estagflação global

O ministro ainda voltou a afirmar que o país está em um processo de recuperação e, só não cresce mais, “por causa dos juros altos” e voltou a afirmar que o mundo está em processo de desaceleração sincronizada.

“Nós vamos crescer. Somos uma democracia forte, vibrante e estável”, garantiu o ministro, voltando a afirmar que o Brasil voltou a decolar e está em um processo de aceleração enquanto o resto do mundo está caminhando para uma estagflação enquanto o Brasil "está saindo do baile funk às 3h da manhã".

“O mundo está em desaceleração sincronizada e, agora, vai para a estagflação”, frisou ele, após afirmar que o atual governo encontrou o Brasil, “no chão, um completo desastre”.

O ministro ainda voltou a afirmar que a taxa de desemprego, atualmente em 9,3%, deverá continuar caindo, encerrando o ano "perto de 8%".

Desalavancagem

Guedes também voltou a atacar a política de desenvolvimento petista, utilizando os recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que ele sempre evita citar o S, para financiar campeões nacionais e até porto em Cuba e metrô na Venezuela.

“Quando eles devolvem, estamos desalavancando os bancos públicos e estamos buscando recursos para reduzir a dívida pública. E, por isso, o negócio está ficando eficiente”, afirmou, citando que, durante a pandemia, 50% dos empréstimos do BNDES foram destinados à pequena e média empresa.

“Ainda falta um pequeno passado, despedalar o BNDES. Mas tem uma máquina que gosta”, disse Guedes. Ele ainda criticou o excesso de servidores do banco que receberam mais  de R$ 100 mil de bonificações, porque a instituição está lucrando ao aplicar os aportes da União pela Selic (atualmente em 13,75%) e pagar juros de 3% ano. Segundo o ministro, o banco está devendo R$ 90 bilhões e a diretoria não quer assinar a devolução. "Podem até pagar bônus, mas tem que devolver o dinheiro", disse.

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