SISTEMA FINANCEIRO

Análise: se Lula foi o pai, Bolsonaro é a mãe dos bancos. Nós? Os trouxas de Guedes

Bancos e Estado são sócios indissolúveis e indissociáveis desde sempre nesse Brasilzão de Meu Deus

Ricardo Kertzman - Estado de Minas
postado em 09/08/2022 16:30 / atualizado em 09/08/2022 16:33
Paulo Guedes termina o governo entupindo as burras da Febraban -  (crédito:  Ed Alves/CB)
Paulo Guedes termina o governo entupindo as burras da Febraban - (crédito: Ed Alves/CB)

Adoro quando as palavras fazem sentido. Explico. Ainda no comecinho do governo Bolsonaro, quando idiotas como eu, que votaram no verdugo do Planalto, acreditando em suas promessas de campanha, vibravam com os discursos enfáticos do Planalto, o todo-poderoso ministro Paulo Guedes, ex-posto Ipiranga, vociferou, para o delírio da galera: "Somos 200 milhões de trouxas explorados por seis bancos". Uhuuu! Viva o PG! Mito, mito!

Então. Um relatório do Banco Central, publicado nesta terça-feira (9/8), mostra que a rentabilidade dos bancos explodiu e os lucros são recordes. Sim. Jamais a banca nacional ganhou tanto dinheiro como em 2021. O retorno sobre o patrimônio atingiu 15%, subindo cerca de 30% em relação ao ano anterior. Já o lucro líquido (somado) atingiu pornográficos 132 bilhões de reais. O principal motivo foi o salto da Selic, de 2% para 9,25% no ano passado.

Bancos e Estado são sócios indissolúveis e indissociáveis desde sempre nesse Brasilzão de Meu Deus. Funciona assim: os governos gastam muito mais do que nos roubam (e gastam consigo mesmos, com seus custeios imorais). Assim, precisam de dinheiro emprestado (dos bancos) para financiar a farra. E quanto mais devem, maior o risco. Ato contínuo, quanto maior o risco, maior o prêmio (juros). Resultado: R$ 130 bilhas a mais.

Além da crise fiscal eterna, a alegria da banca é feita pelo endividamento estratosférico da população (78% das famílias estão endividadas) e pelos juros acachapantes que cobram, sobretudo dos inadimplentes (mais de 67 milhões de brasileiros). Quanto mais crédito, mais extorsão, mais lucro, mais crédito… o ciclo perverso ideal. Chova ou faça sol, com ou sem covid, com ou sem guerra, além da morte e impostos, os lucros bancários são certos.

Lula da Silva, o meliante de São Bernardo, vive jactando-se de que, em seu governo, os bancos ganharam dinheiro como "nunca antes neste paíff". Bem, ainda que tenham ganhado oceanos de dinheiro, não é verdade que "nunca antes neste paíff", conforme mostra o relatório do BC. É de Jair Bolsonaro, o devoto da cloroquina, o título de mãezona do ano dos banqueiros. Se o chefão petista foi o pai, é o amigão do Queiroz a mãe dos bancos.

Aliás, Bolsonaro, como Lula, vive mentindo a respeito da relação incestuosa com os magnatas do capital. O patriarca do clã das rachadinhas diz que os banqueiros o detestam, porque seria ele (mentira!!) o inventor do Pix, que teria causado prejuízos enormes aos bancos. Se R$ 132 bilhões são prejuízo, imagino o que seria lucro. E a expectativa, com os recentes aumentos da Selic (hoje em 13.75%), é de mais festa na Faria Lima.

A dívida pública brasileira supera R$ 6 trilhões e o desgoverno Bolsonaro já estourou o teto de gastos em mais de R$ 210 bilhões. Paulo Guedes começou o governo, prometendo libertar o povo, mas termina o governo, entupindo as burras da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). O neo-bibelô bolsonarista não difere muito dos 200 milhões de brasileiros, não. Só não é tão trouxa como nós.

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