Com metas ambientais audaciosas para cumprir, como a redução de emissões de carbono em 37% até 2025, assumidas na Cúpula do Clima no ano passado, o Brasil tem na descarbonização das frotas de ônibus utilizados no transporte coletivo uma das apostas para chegar aos objetivos. Distante de uma solução simples, o mercado busca alternativas para criar uma frota de ônibus que seja instrumento de combate à poluição ambiental sem que haja alto impacto na tarifa para o usuário.
Algumas capitais brasileiras já iniciaram a eletrificação das frotas de ônibus por meio de políticas públicas, como São Paulo (SP). O município prevê que pelo menos 2,6 mil ônibus elétricos estarão em circulação até 2024, e que, até 2030, a cidade não terá mais ônibus do transporte coletivo movido a diesel. Cada um deles a menos rodando corresponde a 120 toneladas de CO2 na atmosfera em menos de um ano.
O presidente-executivo da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), Francisco Cristovam, diz que são necessárias políticas públicas bem definidas para que o Brasil promova a transição energética. "Aqui, em particular, há uma combinação de esforços para a descarbonização da frota, com a utilização de vários tipos de combustíveis que promovem menos emissões", avalia Cristovam.
Em novembro de 2018, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) estabeleceu a norma Proconve P-8 de emissões para veículos automotores pesados de uso rodoviário no Brasil, válida para os novos veículos destinados ao transporte de passageiros e de carga.
A norma, que especifica limites máximos de emissão de gases de escapamento, partículas e ruído, entrou em vigor em janeiro deste ano.
Porém, Cristovam diz que os esforços do setor estão voltados para a substituição do diesel como combustível. O tema, que não está nos programas de governo do candidatos nas próximas eleições, deverão, orem, dominar os debates durante o seminário que a NTU promove entre 8 e 11 de agosto em São Paulo, reunindo empresários, autoridades e pesquisadores.
Elétricos
Entre os principais entraves para descarbonização da frota está a dificuldade de substituição da frota. O valor unitário de um ônibus elétrico pode chegar a R$ 2 bilhões, valor até cinco vezes maior do que um ônibus tradicional que atualmente roda nas cidades.
Entre as experiências em curso está o eBus, desenvolvido pela Weg em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), cujas poucas unidades estão circulando no campus da universidade e, desde agosto deste ano, no município de Jaraguá do Sul. Em parceria com a prefeitura, a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Senai e Weg querem demonstrar que o uso de energia renovável é viável para o transporte coletivo.
Na UFSC, o eBus realiza três viagens por dia, de cerca de trinta minutos cada, para levar trabalhadores e estudantes da cidade a uma unidade da universidade afastada do centro urbano. Sua bateria é abastecida na tomada a partir de uma fonte de captação de energia solar gerada no telhado do Centro de Pesquisa e Capacitação em Energia Solar da UFSC.
O pojeto foi financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTIC) e, além da Weg, conta com a parceria das empresas Marcopolo, Mercedes e Eletra. (MP)
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