São Paulo – A inflação global em níveis elevados e mais persistentes, desafiando os bancos centrais, é um dos principais problemas da economia citados pelos participantes da feira Expert XP 2022, organizada pela XP Investimentos, em São Paulo. Na abertura do último dia do evento, o ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos Lawrence Summers foi taxativo em relação a esse cenário inflacionário de patamares dos anos 1980 nas economias desenvolvidas.
Na avaliação do economista norte-americano, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), vai pagar um preço alto para controlar a inflação. Segundo ele, o maior erro do Fed será não reconhecer que errou e contribuiu para o problema da inflação atual que está levando os EUA para a inflação chegar aos níveis atuais, de 9,1% ao ano, retomando os patamares de 1980. Ele acredita que a autoridade monetária fará o que for necessário para colocar a inflação de volta no caminho certo, e, para isso, a autoridade monetária está disposta a pagar o preço para controlar a inflação, como admitir taxa de desemprego de 4% a 5%.
Contudo, Summers acredita que será preciso mais do que isso. “Eu acho que eles [o Fed] ainda estão em negação sobre qual o preço disso tudo”, afirmou Summers, nesta quinta-feira (04/08), no evento da XP Investimentos. “A aposta maior é que não vamos passar por tudo isso sem passar por uma recessão”, alertou.
O ex-secretário do Tesouro norte-americano ainda reconheceu que o momento atual não está sendo fácil, mas o tipo de crise não é a mesma de 1982 e fez um alerta sobre a queda de alguns preços de commodities, porque não há garantias de que eles não voltem a subir novamente devido às incertezas econômicas e geopolíticas.
No caso da guerra da Ucrânia, que ajudou a pressionar ainda mais a inflação, especialmente das commodities – em um cenário de preços mais altos devido à pandemia da covid-19 e aos choques de oferta das cadeias produtivas – Summers avaliou que o fim “não deve estar perto”.
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Dólar forte
O economista norte-americano lembrou que, nesse cenário cheio de incertezas e volatilidade e de mudanças nas políticas monetárias divergentes, o dólar tende a se fortalecer ainda mais. “Não é à toa, que o dólar é muito forte. Uma piada que tem um fundo de verdade, porque as alternativas não são muito boas”, disse ele, citando a piada que diz: Europa é um museu, o Japão é um asilo, a China é uma prisão e a bitcoin é um experimento. “Isso tudo tende a sustentar o valor do dólar”, afirmou.
*A jornalista viajou a convite da XP Investimentos
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