Com a alta dos combustíveis, caminhoneiros enfrentam problemas para manter a atividade, e muitos estão até tendo dificuldade de continuar na profissão, uma vez que encontrar viagens financeiramente compensadoras tornou-se um desafio.
Caminhoneiro autônomo há 20 anos, Luciano da Silva Luz, de Minas Gerais, afirma que, em 50 anos de vida, nunca viu o diesel tão caro. "Não imaginava que o preço poderia ficar mais alto que o da gasolina", declara. "Pelos cálculos que sempre fiz, com a gasolina sendo vendida a pouco mais de R$ 5, o diesel deveria custar entre R$ 3,80 e 3,50."
Segundo Luciano Luz, o diesel é o que comanda o preço das outras manutenções necessárias nos veículos. "Desta forma, quanto mais ele sobe, mais caro fica no final do mês, com o trabalho rendendo, muitas vezes, menos do que se precisa para o sustento", lamenta. "A forma para contornar esse problema, é selecionar cargas que rendam mais, e que tragam mais lucros, mesmo isso sendo quase impossível", acrescenta.
Willian Almeida, 40 anos, de São Paulo (SP), conta que aceitou uma carga para entregar em Brasília, mas, ao chegar, percebeu que não tinha feito um bom negócio. "Eu me empolguei com o valor que estavam oferecendo e não calculei a volta. Voltar para SP sem nenhuma carga é prejuízo certo, vou perder todo o dinheiro que consegui", afirma "Agora é procurar uma entrega para casa, que valha a pena."
Paulo Rocha, 66 anos, morador de Porto Alegre, explicou que há um sentimento de desvalorização na categoria. "Acordar cedo, rodar pelo país, passar o tempo longe da família não é fácil. Porém, quando comecei, há 10 anos, eu conseguia dar um sustento melhor para minha familia", contou. "Agora, está difícil manter a casa. Minha mulher começou a trabalhar para ajudar, porque, sozinho, não estou conseguindo mais." (FS)