O ministro da Economia, Paulo Guedes, aproveitou a apresentação dos novos recordes de arrecadação da Receita Federal para voltar a afirmar que o Brasil está surpreendendo o mundo e está em um novo ciclo de crescimento prolongado, apesar da escalada dos juros. Atualmente, a taxa básica da economia (Selic) está em 13,25% ao ano, e, pelas estimativas do mercado, deverá subir para 13,75% e, mesmo assim, o Banco Central não conseguirá entregar a inflação dentro da meta neste ano e no próximo. E todo mundo sabe que, quando os juros estão elevados, especialmente no patamar de dois dígitos, não há como uma economia conseguir crescer de forma sustentável.
"O Brasil está no início de um longo ciclo de crescimento econômico, apesar dos juros altos”, disse Guedes, nesta quinta-feira (21/7), em apresentação virtual a jornalistas dos dados recordes da Receita Federal, que recolheu R$ 181,04 bilhões em tributos no mês passado, dado 17,96%, em termos reais (corrigido pela inflação), acima dos valores no mesmo período de 2021 e o melhor resultado desde o início da série histórica, iniciada em 1995, com os dados atualizados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
"O Brasil consegue sustentar o crescimento e, como eu disse em Davos (na Suíça), não apostem contra o Brasil e contra a democracia brasileira. O Brasil vai continuar surpreendendo", acrescentou Guedes. Ele lembrou que o dado acumulado do semestre, de R$ 1,089 trilhão, também foi recorde histórico da série do Fisco.
Na avaliação do ministro, o mundo está em um processo de "desaceleração sincronizada” e vários países devem entrar em recessão, em grande parte, por conta do ciclo de aumento de juros em curso pelos bancos centrais, mas o Brasil caminhará na contramão, com emprego e renda subindo e a arrecadação surpreendendo. “É exatamente o contrário do que vai acontecer nos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). O emprego vai aumentar nos EUA e na OCDE, porque eles estão no final do ciclo de crescimento e o Brasil está no início de um longo ciclo de crescimento. Pela primeira vez, 100 milhões de brasileiros estão empregados, sendo 40 milhões no sistema formal e 60 milhões na informalidade, mas estão trabalhando”, afirmou.
Ao comentar sobre a melhora no mercado de trabalho, sem falar sobre a deterioração dos empregos formais devido à precarização por conta do enorme aumento de pessoas trabalhando por conta própria e se transformando em Microempreendedor Individual (MEI) para garantir alguma renda.
O ministro voltou a criticar as previsões mais pessimistas da economia brasileira no início do ano e que acabaram sendo revisadas para cima e, atualmente, as projeções do mercado estimam crescimento de 2% no Produto Interno Bruto (PIB) de 2022. Ele ainda minimizou o aumento das preocupações com a deterioração das contas públicas, em grande parte, devido às recentes medidas populistas aprovadas pelo governo e pelo Congresso que aumentaram as despesas fora do teto de gastos em mais R$ 41,2 bilhões, com o objetivo de tentar reverter os resultados das pesquisas para o presidente Jair Bolsonaro (PL), que continua atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"O fato é que o Brasil está crescendo. As contas externas e as contas públicas estão em ordem. O resto, é narrativa”, completou.