Visão pessimista para 2023

As reduções de tributos, como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis, telefonia e energia elétrica, levou o mercado financeiro a reduzir, mais uma vez, a estimativa de inflação para este ano. No entanto, as previsões para 2023 e 2024 pioraram.

A mediana das estimativas do mercado para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2022, passou de 7,67%, na semana passada, para 7,54%, no relatório Focus divulgado ontem pelo banco Central. A projeção, no entanto, continua acima do teto da meta, de 5%, dificultando o trabalho do BC em cumprir sua missão de preservar o valor da moeda pelo segundo ano consecutivo.

Já a mediana das projeções do indicador oficial do custo de vida de 2023 passou de 5,09% para 5,20%, dado também acima do teto da meta do próximo ano, de 4,75%.

Não à toa, as projeções dos analistas ouvidos pelo BC não são animadoras para a taxa básica da economia (Selic), atualmente em 13,25% ao ano. Apesar de manterem em 13,75% a previsão para a Selic no fim de 2022, operadores do mercado elevaram a projeção dos juros básicos de 10,50% para 10,75% anuais no fim de 2023, em um claro sinal de que o BC terá trabalho para controlar a inflação no próximo ano, que deverá subir ainda mais, em grande parte, devido ao impacto negativo das medidas da PEC das Bondades, ou Kamikaze, consideradas eleitoreiras.

"Com fim da redução do ICMS em 31 de dezembro deste ano, os preços subirão no dia seguinte e impactarão o IPCA de 2023. Trocamos a melhora emano eleitoral por piora em 2023", ressaltou Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating.

A previsão do mercado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano passou de 1,59% para 1,75%, mas a de 2023 manteve-se em 0,50%. Desse modo, continuam abaixo da perspectiva do Ministério da Economia de altas de 2%, no PIB de 2022, e de 2,5%, em 2023.