A inflação tem batido recordes nas principais economias do mundo, levando os bancos centrais a aumentar as taxas de juros para conter o avanço dos preços. Com isso, as perspectivas de uma recessão nos maiores mercados é uma possibilidade cada vez mais presente, o que pode afetar economias emergentes, como o Brasil. Nos Estados Unidos, o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 0,9% no segundo trimestre, a segunda baixa consecutiva.
O índice de preços ao consumidor norte-americano acumulou alta de 9,1% nos 12 meses até junho. Na Zona do Euro, a inflação subiu 8,9% no mesmo período.
Na última quarta-feira, o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) elevou em 0,75 ponto percentual a taxa básica do país, que passou do intervalo de 1,5% a 1,75% ao ano para 2,25% a 2,5%. A elevação é a quarta em um ciclo de alta de juros que começou em março de 2022.
"Na pandemia, o Fed injetou bilhões de dólares na economia para salvar empresas e garantir algum nível de estabilidade. O resultado foi inflação, na América e em todo mundo, pois essas políticas anticíclicas foram colocadas em prática por toda parte", explicou o economista e sociólogo Vinicius do Carmo.
Além disso, o conflito entre Rússia e Ucrânia tem acentuado a pressão inflacionária, ao colocar em risco a segurança energética de boa parte dos países da Europa, encarecendo o preço de combustíveis, do gás e dos insumos. A energia é o principal motivo da escalada de preços, representando 39,7% do aumento no ano.
"Com juros maiores, as economias param de crescer, pois a escassez de moeda inviabiliza o investimento. Então a expectativa é a permanência deste ciclo mais restritivo até haver maior previsibilidade no índice de preços, sob consequência de recessões moderadas", afirmou Vinicius do Carmo.
Para o analista econômico da Austin Rating Felipe Queiroz a segunda queda trimestral consecutiva do PIB norte-americano mostra que os investimentos estão se retraindo. "Com taxas mais elevadas, há uma propensão maior a poupar e a propensão ao investir acaba diminuindo", afirmou. Para Queiroz, no cenário europeu a situação não é diferente. "A inflação tem batido recordes desde da instituição do euro, em 2001, e é o maior desafio para o Banco Central Europeu", disse.
*Estagiários sob a supervisão de Odail Figueiredo
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