A Petrobras vai pagar R$ 87,8 bilhões em dividendos relativos ao segundo trimestre, dos quais R$ 32,1 bilhões serão repassados à União (incluindo BNDES e BNDESPar) de acordo com documento encaminhado pela companhia, ontem, à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O valor da remuneração dos acionistas é um novo recorde. À noite, a empresa divulgou o balanço do período, que contabiliza um lucro líquido de R$ 54,3 bilhões.
O resultado obtido no segundo trimestre representou um aumento de 26,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Esse é o melhor desempenho da empresa desde o quarto trimestre de 2020, quando o lucro R$ 59,9 bilhões. Nos primeiros seis meses deste ano, a Petrobras registrou ganho de R$ 98,9 bilhões, valor 124% maior que o registrado no primeiro semestre de 2021.
Em comunicado da estatal ao mercado, o diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores, Rodrigo Araujo Alves, disse que os resultados da companhia são os melhores em anos. "Os resultados do segundo trimestre de 2022 mostram a resiliência e a solidez da companhia, que é capaz de gerar resultados sustentáveis, seguindo com sua trajetória de criação de valor", afirmou. De acordo com o balanço, as vendas cresceram 54,4% no período, atingindo R$ 170,9 bilhões. No semestre, houve alta de 58,8%, para R$ 312,6 bilhões.
O relatório destaca, ainda, o pagamento de impostos. "Adicionalmente, recolhemos o total de R$ 77 bilhões em tributos e participações governamentais no segundo trimestre. No ano, foram cerca de R$ 147 bilhões, um aumento de 92% na comparação com o primeiro semestre do ano passado", diz o texto.
Compromisso
Os atuais acionistas da Petrobras receberão R$ 6,732003 por ação preferencial ou ordinária em circulação. O pagamento será feito em duas parcelas do mesmo valor, em 31 de agosto e 20 de setembro. "A aprovação do dividendo proposto é compatível com a sustentabilidade financeira da companhia no curto, médio e longo prazo e está alinhada ao compromisso de geração de valor para a sociedade e para os acionistas, assim como às melhores práticas da indústria mundial de petróleo e gás natural", informou a estatal no comunicado.
Em 2022, os dividendos anunciados pela Petrobras somam R$ 136,3 bilhões, dos quais R$ 49,8 bilhões vão engordar os cofres da União. O repasse recorde deve aliviar as contas do governo, espremidas pelo pagamento dos benefícios do "Pacote de Bondades" aprovado recentemente. Para garantir fechar o ano no azul, o secretário do Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Esteves Colnago, enviou ofício às maiores estatais federais para solicitar o pagamento adicional de dividendos. Por sua vez, a Petrobras informou, por meio de fato relevante ao mercado, que o pedido foi incorporado ao planejamento da empresa.
Política abusiva
O Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) avalia que a distribuição bilionária de dividendos é resultado de uma política abusiva de preços praticados pela Petrobras, baseada na paridade de preços internacionais (PPI).
"A distribuição de R$ 87,8 bilhões em dividendos neste segundo trimestre de 2022, equivalente a R$ 6,73 por ação, é fruto dos sucessivos aumentos de preços realizados pela Petrobras. Ademais, revela que a gestão da estatal tem sido direcionada para atender a um conjunto de interesses relacionados ao calendário eleitoral e não aos interesses da sociedade como um todo. As altas nos preços dos derivados turbinam os dividendos que serão repassados ao governo federal, mas reduzem os investimentos de longo prazo da companhia e impulsionam a inflação", afirmou Mahatma dos Santos, pesquisador do instituto.
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