A Petrobras deverá anunciar um novo lucro recorde amanhã, quando divulgar o balanço financeiro do segundo trimestre deste ano. A expectativa de analistas do mercado é de que o resultado líquido fique entre R$ 44,2 bilhões e R$ 60,4 bilhões. Nos primeiros três meses do ano, a estatal registrou ganho de R$ 44,56 bilhões. Além do balanço robusto, a petroleira deve divulgar o valor dos dividendos a serem distribuídos aos acionistas. A União tem pressionado a empresa a antecipar o repasse de dividendos para cobrir despesas geradas pela PEC das Bondades e a queda de receita como corte de tributos sobre combustíveis.
O Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) projeta que o pagamento de dividendos deverá oscilar entre R$ 47 bilhões e R$ 58 bilhões, caso seja mantida a mesma política de distribuição dos trimestres anteriores. O valor dos dividendos pode ser ainda maior, de acordo com analistas do Credit Suisse, para os quais o repasse poderá ficar entre R$ 53 bilhões a R$ 75 bilhões.
Na última segunda-feira, o secretário especial do Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Esteves Colnago, confirmou que o governo federal pediu às quatro maiores estatais o repasse de dividendos adicionais. No mesmo dia, em fato relevante divulgado ao mercado, a Petrobras apontou que as reivindicações do governo "já estão inclusas na política de remuneração aos acionistas". Contudo, acrescentou que "ainda não há decisão tomada".
Além da Petrobras, o governo pediu a antecipação de dividendos a outras empresas da União, como Caixa, Banco do Brasil e BNDES. "Todas as decisões serão alinhadas à política, sempre respeitando os princípios de perenidade e sustentabilidade financeira de curto, médio e longo prazos", explicou a Petrobras, no comunicado ao mercado.
Na expectativa do Ineep, o balanço da companhia trará vários outros números positivos. A estimativa de geração de caixa operacional é de R$ 65,3 bilhões, enquanto o fluxo de caixa livre de R$ 52,9 bilhões. Os analistas do instituto apontam que os bons resultados refletem o aumento da receita de vendas no mercado interno, cuja política de paridade de preços de importação (PPI) é motivo de debate e gera pressão política pela companhia.
Outro fator é a redução do custo de produção da empresa, devido à elevada produtividade do pré-sal, além da entrada de caixa com a venda de ativos e compensações de cerca de R$ 33 bilhões no trimestre.
O volume será impulsionado ainda pelo recebimento de parcela da venda de 90% das ações da Petrobras na Nova Transportadora do Sudeste (R$ 4,6 bilhões); recebimento da compensação do campo de Sépia, pago pela Total, pela Petronas e pela QP Brasil (R$ 14,55 bilhões); e de Atapu, pago pela Total e pela Shell (R$ 9,96 bilhões); e o recebimento pelas vendas de campos terrestres na Bahia (R$ 1,26 bilhões) e ativos na Bacia Potiguar (R$ 3,08 bilhões).
"Esses lançamentos não recorrentes aumentam o grau de incerteza das estimativas sobre o lucro líquido, haja vista a maior ou menor intensidade dos ganhos ou perdas de capital com essas vendas e compensações. Caso nenhuma dessas vendas e compensações sejam lançadas no segundo trimestre, o Ineep estima ainda um lucro robusto de R$ 44,2 bilhões", diz a análise do Ineep.
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