Petrobras

Mercado espera novo lucro recorde

Companhia também deve anunciar amanhã distribuição bilionária de dividendos. União quer antecipar repasses para pagar benefícios da PEC das Bondades

Michelle Portela
postado em 27/07/2022 00:01
 (crédito: Mauro Pimentel/AFP)
(crédito: Mauro Pimentel/AFP)

A Petrobras deverá anunciar um novo lucro recorde amanhã, quando divulgar o balanço financeiro do segundo trimestre deste ano. A expectativa de analistas do mercado é de que o resultado líquido fique entre R$ 44,2 bilhões e R$ 60,4 bilhões. Nos primeiros três meses do ano, a estatal registrou ganho de R$ 44,56 bilhões. Além do balanço robusto, a petroleira deve divulgar o valor dos dividendos a serem distribuídos aos acionistas. A União tem pressionado a empresa a antecipar o repasse de dividendos para cobrir despesas geradas pela PEC das Bondades e a queda de receita como corte de tributos sobre combustíveis.

O Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) projeta que o pagamento de dividendos deverá oscilar entre R$ 47 bilhões e R$ 58 bilhões, caso seja mantida a mesma política de distribuição dos trimestres anteriores. O valor dos dividendos pode ser ainda maior, de acordo com analistas do Credit Suisse, para os quais o repasse poderá ficar entre R$ 53 bilhões a R$ 75 bilhões.

Na última segunda-feira, o secretário especial do Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Esteves Colnago, confirmou que o governo federal pediu às quatro maiores estatais o repasse de dividendos adicionais. No mesmo dia, em fato relevante divulgado ao mercado, a Petrobras apontou que as reivindicações do governo "já estão inclusas na política de remuneração aos acionistas". Contudo, acrescentou que "ainda não há decisão tomada".

Além da Petrobras, o governo pediu a antecipação de dividendos a outras empresas da União, como Caixa, Banco do Brasil e BNDES. "Todas as decisões serão alinhadas à política, sempre respeitando os princípios de perenidade e sustentabilidade financeira de curto, médio e longo prazos", explicou a Petrobras, no comunicado ao mercado.

Na expectativa do Ineep, o balanço da companhia trará vários outros números positivos. A estimativa de geração de caixa operacional é de R$ 65,3 bilhões, enquanto o fluxo de caixa livre de R$ 52,9 bilhões. Os analistas do instituto apontam que os bons resultados refletem o aumento da receita de vendas no mercado interno, cuja política de paridade de preços de importação (PPI) é motivo de debate e gera pressão política pela companhia.

Outro fator é a redução do custo de produção da empresa, devido à elevada produtividade do pré-sal, além da entrada de caixa com a venda de ativos e compensações de cerca de R$ 33 bilhões no trimestre.

O volume será impulsionado ainda pelo recebimento de parcela da venda de 90% das ações da Petrobras na Nova Transportadora do Sudeste (R$ 4,6 bilhões); recebimento da compensação do campo de Sépia, pago pela Total, pela Petronas e pela QP Brasil (R$ 14,55 bilhões); e de Atapu, pago pela Total e pela Shell (R$ 9,96 bilhões); e o recebimento pelas vendas de campos terrestres na Bahia (R$ 1,26 bilhões) e ativos na Bacia Potiguar (R$ 3,08 bilhões).

"Esses lançamentos não recorrentes aumentam o grau de incerteza das estimativas sobre o lucro líquido, haja vista a maior ou menor intensidade dos ganhos ou perdas de capital com essas vendas e compensações. Caso nenhuma dessas vendas e compensações sejam lançadas no segundo trimestre, o Ineep estima ainda um lucro robusto de R$ 44,2 bilhões", diz a análise do Ineep.

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