O Fundo Monetário Internacional (FMI) melhorou a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2022. O alta de 0,8%, apontada em abril, foi revista para 1,7%. Os dados, divulgados ontem, mostram que, apesar da revisão anunciada pelo organismo, o país vai crescer menos que a média mundial e de seus pares emergentes. Para 2023, a previsão do fundo é de avanço de 1,1% no PIB brasileiro.
O FMI também voltou a reduzir a projeção de crescimento econômico global em 2022, para 3,2%, quase a metade da expansão de 6,1% no ano passado, e não descarta recessão nos Estados Unidos. Os dados mostram também que a economia global teve contração no segundo trimestre deste ano, puxada principalmente pela Rússia — por conta da guerra na Ucrânia e das sanções aplicadas pelos demais países — e pela China — onde longos períodos de lockdown para conter a pandemia da covid-19 prejudicaram as atividades.
Segundo o economista da FAU Business Fábio Tadeu Araújo, a revisão para mais do PIB brasileiro realizada pelo FMI já era esperada. "O FMI demora mais do que outras entidades, em especial do que as entidades nacionais, para rever as projeções para países, individualmente, ou para o conjunto de nações ou do mundo e, portanto, sempre chega atrasado", disse.
"Eu acredito que o PIB neste ano brasileiro deve crescer mais do que 2%. Essa já era uma possibilidade bem concreta antes da aprovação das últimas PECs, que aumentam a distribuição de benefícios, seja do Auxílio Brasil, para caminhoneiros ou outros, e que vão despejar algumas dezenas de bilhões de reais no bolso dos consumidores, que naturalmente ampliarão o consumo aquecendo a economia", pontuou Araújo. "Outro ponto é que a redução do preço dos combustíveis possibilitará que esse dinheiro seja direcionado para um número maior de setores, o que ajudará também no crescimento da economia."
Araújo apontou que o fato de crescer menos que outros países, mostra que o Brasil não tem uma visão estratégica. "Até conseguimos fazer algumas reformas, em especial trabalhista e previdenciária. As concessões que eram incipientes desde o governo Lula, aumentaram nos governos Dilma e Temer, e continuaram no governo Bolsonaro. Mas elas não estão estrategicamente ligadas umas às outras", observou.
"Nós avaliamos ativos, sejam rodoviários e aeroportuários, que possam ser privatizados ou licenciados, mas não temos uma estratégia de política governamental de longo prazo para entender o que realmente freia o crescimento econômico brasileiro, que vai muito além da questão fiscal, tratada muitas vezes de uma maneira simplista", afirmou Araújo.
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