A Petrobras anunciou ontem uma redução de 4,92% no preço médio da gasolina vendida nas refinarias. A partir de hoje, o preço do litro entregue às distribuidoras passará de R$ 4,06 para R$ 3,86, uma redução de R$ 0,20 por litro. Entretanto, o reajuste não garante baixa no valor final ao consumidor. O montante que chega ao bolso da população depende das distribuidoras e ainda dos postos que comercializam o combustível, que têm liberdade de fixar os preços.
Em nota, a Petrobras informou que, considerando a mistura vendida ao consumidor — 73% de gasolina e 23% de etanol — a participação da estatal no preço final nas bombas cairá de R$ 2,96, em média, para R$ 2,81 a cada litro vendido nos postos, ou seja, R$ 0,15 a menos.
O último reajuste da gasolina feito pela companhia foi em 17 de junho, quando o preço médio do litro subiu 5,18%. Esta é a primeira baixa desde dezembro de 2021. Desde então, o mercado internacional elevou as cotações dos combustíveis a níveis muito altos. Também é a primeira mudança no preço da gasolina realizada na gestão de Caio Paes de Andrade, que assumiu a presidência da empresa, no fim de junho, por indicação do presidente Jair Bolsonaro (PL), com o objetivo de frear novos aumentos.
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Mercado global
Na nota em que explica a alteração, a estatal informou que a redução acompanha a evolução dos preços internacionais de referência, que se estabilizaram em patamar inferior para a gasolina. "É coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado global, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio", informou a petroleira. O preço do diesel não foi citado pela companhia.
Especialistas apontaram que a decisão segue a redução das cotações globais do petróleo. Na sexta-feira, o barril de Brent atingiu o menor valor desde o início do conflito na Ucrânia, US$ 95 (R$ 518), e fechou com leve queda de 0,47%.
O presidente executivo da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo, afirmou que a Petrobras não errou ao diminuir os preços da gasolina. "De fato, os preços praticados pela estatal estão corretos. Foi bastante coerente essa redução", disse.
A redução dos combustíveis é um dos temas mais debatidos pelo Congresso e pelo governo federal neste ano. Para o economista da FGV Maurício Canêdo, a queda não é resultado da pressão do governo sobre a Petrobras. "É um movimento de adequação ao mercado internacional. O petróleo e os derivados caíram, se estabilizando num patamar mais baixo", explicou.
Paulo Tavares, presidente do Sindicato de Comércio Varejista de Combustíveis do Distrito Federal (Sindicombustíveis-DF), concordou que a redução segue a situação internacional. Porém, destacou que o reajuste de preços deveria ter acontecido antes se fosse orientado apenas por forças do mercado.
"O mercado pedia por um reajuste positivo maior e a Petrobras não subia. Agora que o petróleo caiu, eles reduziram, de forma correta. Mas por que não subiram antes? Isso vai contra a política de seguir o mercado internacional. O governo deixou claro que não deixaria os preços subirem, principalmente em ano eleitoral. Tanto que trocou duas vezes de presidente e trocaria quantas vezes fosse necessário para evitar novas altas", ressaltou Paulo Tavares.
Corte de impostos
O consumidor convive há três semanas com a baixa dos combustíveis nas bombas, desde a lei sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), em junho, que limitou a 18% o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre esses produtos. Após a medida, o preço médio da gasolina no país caiu de R$ 7,39 para R$ 6,07, segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP). A redução nas refinarias deve empurrar o valor ainda mais para baixo.
O preço do diesel também foi afetado pela nova lei, mas em proporção bem menor que o da gasolina, pois o produto já tinha sido isento de impostos federais e a tributação estadual era menor. Com os cortes tributários, o derivado caiu apenas 1,2%.
Sérgio Araújo acredita que os preços do diesel só não tiveram redução devido à volatilidade das cotações do produto. "A volatilidade do diesel é bem maior do que a da gasolina, então, acredito que, por isso, o preço possa não ter caído", afirmou o presidente executivo da Abicom.
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