Mesmo diante de uma alta expressiva nos custos de planos de saúde em junho, dados divulgados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) registram um aumento de 3,14%, no mês, no número de brasileiros com assistência médica e hospitalar privada, na comparação com maio. Com isso, o Brasil atingiu a marca de mais de 49,6 milhões de usuários desses planos.
A agência também revelou que houve aumento de 8,32% desde o início do ano entre os brasileiros que possuem plano exclusivamente odontológico. Isso representa 2,5 milhões de novos beneficiários durante o período.
Em maio, a ANS aprovou um reajuste de 15,5% nos planos de saúde individuais e familiares, o que representou o maior aumento desde 2000. Os valores mais altos também podem ser observados na inflação. A prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho indicou que os planos de saúde — que tiveram alta média de 2,99% — foi o principal fator que elevou a projeção para o mês.
O advogado Cláudio Sampaio, especialista na área, explica que, com a pandemia de covid-19, “muitas pessoas deram valor a ter um plano de saúde em clínicas particulares”. Durante a crise sanitária, houve também diminuição dos gastos das operadoras de planos. Dhiogo Pascarelli, cientista político e mestre em política e planejamento de saúde, explicou que isso ocorreu devido à falta de cuidado de boa parte da população em tratar outras doenças, além da causada pelo novo coronavírus.
“Além disso, houve suspensão de cirurgias eletivas. Tudo isso provocou, em 2021, a redução nos preços dos planos de saúde individuais”, afirmou Dhiogo. Em julho do ano passado, o valor comercial médio dos planos de saúde aumentou apenas 3%, contra 13,7% no mesmo mês em 2020, de acordo com dados da ANS.
Além disso, o que também pode explicar o aumento do número de brasileiros com assistência médica hospitalar, é a expansão da concorrência entre as empresas, segundo o advogado. “Um dos principais motivos de estar havendo um aumento no número de planos de saúde é que, atualmente, há uma concorrência maior entre as empresas. Dentro de um mesmo grupo você pode ter outros planos mais baratos”, disse.
No entanto, para o advogado Rodrigo Araújo, o cenário favorável deve perder força durante o segundo semestre. “Se o brasileiro, mesmo em um cenário de crise e incertezas, fez tudo o que podia para contar com serviços de assistência médica privada em 2021, por receio de não ter acesso a serviços de saúde na rede pública, o ano de 2022 não vai ajudar a manter esses contratos”, avaliou.
“A crise econômica está longe de acabar e o brasileiro ainda não recuperou seu poder de compra. A inflação em 2022 está comprometendo ainda mais a renda do consumidor, renda essa que não foi reajustada no mesmo patamar do aumento que vem sendo aplicado para produtos e serviços”, completou o especialista.
*Estagiário sob a supervisão de Odail Figueiredo
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