CAIXA ECONÔMICA

Daniella Marques toma posse na Caixa e faz discurso contra assédio

Economista substitui Pedro Guimarães — envolvido em um escândalo de assédio sexual. Ela prometeu a implantação de ações como denúncias de violência e promoção do empreendedorismo feminino

Ingrid Soares
Luana Patriolino
postado em 05/07/2022 19:52 / atualizado em 05/07/2022 21:33
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

A economista Daniella Marques tomou posse, nesta terça-feira (5/7), como presidente da Caixa Econômica Federal. Ela assume a gestão após Pedro Guimarães deixar o cargo envolvido em denuncias de assédio sexual. Na cerimônia oficial, que contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro (PL), do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) e de outras autoridades, a nova presidente da Caixa destacou o combate "a qualquer tipo de assédio" como prioridade da gestão. 

Além disso, ela pediu que as denúncias envolvendo Pedro Guimarães, ex-presidente do banco, sejam apuradas e esclarecidas. “Acima de tudo, estou ciente que apesar do meu lugar de privilégio aqui hoje, existem inúmeras barreiras visíveis e invisíveis impostas a nós mulheres”, destacou. “A superação é importante para o banco, para as mulheres, para os nossos resultados e para a sociedade. Hoje estou presidente da Caixa, mas sou mãe, sou mulher. Agora sou uma integrante dessa grande família que faz a Caixa ser o que é: um banco de todos os brasileiros”, disse.

A nova presidente disse que, conforme propostas que ela aprovou junto ao Conselho de Administração da Caixa, o banco não será apenas um lugar onde "ninguém ficou para trás" e "a mãe da causa das mulheres". "Dentro e fora, o compromisso que assumo hoje é que vamos garantir o melhor ambiente que possamos e seguir juntos essa história”, emendou. A presidente da Caixa afirmou ainda que o banco contará com a implantação de ações como denúncias de violência e promoção do empreendedorismo feminino.


“Nossa ampla rede de atendimento vai nos ajudar a viabilizar e efetivar a implantação de ações de políticas que abordem a divulgação de canais de denúncia de violência doméstica, promoção do empreendedorismo feminino, educação financeira, combate a qualquer tipo de assédio. Vou dialogar com a Febraban e outros setores da sociedade. Vou convidar a todos que se juntem a nós nessa causa. Uma em cada quatro mulheres ainda é vítima de violência, boa parte delas porque não tem condição de subsistência. Então a gente vai ajudar a denunciar e a gente vai ajudar para que tenham liberdade financeira, que empreendam e sejam independentes.”

Ela comentou sobre o baque na economia com a pandemia de covid-19, mas destacou que o país vem se recuperando. “Tivemos uma pandemia, passamos por outra guerra. Estamos observando a maior taxa de investimentos dos últimos seis anos, a maior população ocupada que esse país já teve”, disse, enquanto continuou sendo aplaudida. Marques destacou ainda a necessidade de melhorar o ambiente de negócios e torná-lo “mais próspero, mais fácil, mais livre e menos burocrático". Por fim, disse que a crise ocorrida com o ex-presidente da Caixa servirá como oportunidade de proteção e promoção às mulheres.


“Estou segura que transformaremos essa crise em uma grande oportunidade. Oportunidade para que a gente proteja e promova mulheres e não seja só o banco de todos os brasileiros, mas a mãe de todas as causas das mulheres do Brasil. E convido a todos que se juntem à Caixa nessa causa, porque lugar de mulher é onde ela quiser”, concluiu.


O nome de Marques foi aprovado pelo Comitê de Elegibilidade da empresa na última sexta-feira (1º/7). Antes da presidência da Caixa, ela ocupava o cargo de secretária especial de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia.

Assédio sexual

Desde a última terça-feira (28/6), se tornaram públicos os relatos de mulheres que acusam Pedro Guimarães, antigo dirigente da Caixa, de assédio sexual. Elas contam abraços forçados, insinuações constantes e toques nas partes íntimas.

As denúncias embasaram uma investigação do Ministério Público Federal (MPF) sobre a conduta do ex-presidente da Caixa e elevaram a pressão para que ele deixasse a gestão do banco. O Ministério Público do Trabalho também investiga o caso. Na carta de renúncia, Guimarães negou as acusações.

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