Em um discurso em tom de campanha, o ministro da Economia, Paulo Guedes voltou a fazer previsões otimistas do Brasil e catastróficas para o resto do mundo, apesar de o país apresentar taxas de crescimento abaixo da média global e até menos do que a vizinha Argentina — que apresentou avanço de 6% no Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2022 enquanto o PIB brasileiro subiu 1% no mesmo período.
"Não tenham receio, não desanimem, não se assustem com os problemas lá de fora, porque os problemas vão existir e vão se aprofundar. Vamos ver uma inflação alta nos Estados Unidos, na Europa, vamos ver recessão, vai ter guerra comercial, pode ter uma escalada dessa guerra geopolítica. O barulho vai ser ensurdecedor", afirmou Guedes, ontem, durante a abertura do Painel Telebrasil 2022, evento realizado pela Conexis, entidade das empresas de telecomunicações.
De acordo com o ministro, o forte crescimento da China — maior parceiro comercial do Brasil — nos últimos anos não foi resultado de um bom planejamento, mas do avanço dos mercados globais. "Os mercados globais vão dar uma desacelerada forte. Não dá mais para surfar em onda baixa. Acabou a onda", disse ele, acrescentando que, para crescer, a segunda maior potência global terá que se voltar para o mercado interno, como faz o Brasil. "A economia brasileira é uma das mais fechadas do mundo", afirmou. Ele comparou o Brasil a um "um corpo enorme e com uma cauda balançando" e, nesse sentido, o setor externo é a cauda.
Na avaliação do chefe da equipe econômica do presidente Jair Bolsonaro (PL), haverá uma recessão global e os países "só estão começando a enfrentar o problema". Enquanto isso, segundo ele, ao contrário das demais economias, o Brasil já conseguiu "atravessar a onda", e a inflação deve começar a cair, porque já passou o pico.
Guedes citou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que afirmou, na segunda-feira, que "o pior da inflação já passou". E voltou a afirmar que o país "vai surpreender novamente". Segundo o ministro, "o PIB do país (deste ano) vai ter 2% de crescimento".