Logo Correio Braziliense
conjuntura

Ata do Copom deve confirmar tendência do BC de manter arrocho monetário

Ata do Copom deve confirmar tendência do BC de manter arrocho monetário. Especialistas já falam em Selic a 14% ao ano

A divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, prevista para hoje, reacende o debate sobre as tendências de inflação. Na semana passada, o Copom aumentou, de forma unânime, a taxa Selic em 0,5 ponto percentual. Foi a décima primeira elevação seguida na taxa básica de juros. Atualmente em 13,25%, a taxa Selic está no maior nível desde dezembro de 2016, quando havia chegado a 13,75% ao ano. Especialistas já preveem a possibilidade de que a Selic alcance o patamar de 14% até o final de 2022.

Para o economista da FAU Business Fábio Tadeu Araújo, a ata do Copom deverá deixar claro que a Selic terminará 2022 em um patamar superior àquele previsto pelos agentes econômicos há poucos meses. "Esta sinalização é uma tentativa do Banco Central de demonstrar ao mercado que ele se preocupa com o aumento muito acima do esperado da inflação ao longo dos últimos meses", disse.

Ele comentou as diferentes interpretações relativas à política monetária. "Existe uma ala do mercado que está preocupada com o BC estar um tanto quanto relaxado para combater uma inflação que está persistentemente elevada", completou. "Do outro lado existe uma parte do mercado, minoritária, mas que entende que a inflação, neste ano, já é jogada. Não existe mais o que fazer, mesmo no começo do ano que vem. Portanto aumentar muito a taxa de juros pode acabar sendo contraproducente", explicou o analista.

De acordo com Bruno Hora, cofundador da Invest Smart e especialista em mercado financeiro, há uma expectativa de que a acelerada alta de juros tenha cumprido seu papel e que a ata do Copom reflita isso. "O Brasil, já está acostumado a lidar com esse tipo de problema", apontou. "Acertou na velocidade e intensidade do aperto monetário, os esforços para controlar a inflação sem causar uma recessão requerem cautela para não exagerar na dose, acreditamos que estamos perto do fim do ciclo de alta de juros."

Ao observar o movimento dos juros, especialistas também consideram o cenário externo. Eles ressaltam o aumento da taxa de juros básica de várias economias na Europa e nos Estados Unidos. "O que mostra uma determinação dos bancos centrais em conter a inflação, que hoje é muito forte em todo mundo. E o Brasil não é diferente disso", disse Gustavo Favaron, especialista em empreendedorismo e CEO do GRI Group.

Entre os efeitos provocados pela elevação dos juros, Favaron destaca o impacto no mercado de startups. "Com certeza, startups, especialmente de tecnologia, passam a ser muito mais questionadas", avalia. "De certo modo é um movimento que visa trazer um pouco mais de inteligência para esse mercado que parecia, de certa forma, ludibriado por uma montanha infinita de dinheiro; hoje, a gente percebe que muitas startups estão tendo que se adequar a essa nova realidade", acrescentou.

Saiba Mais