Mercados em dia de trégua

Após uma sequência de altas durante a semana, o dólar comercial recuou 2,11%, ontem, fechando a R$ 5,026 na venda. O mercado acompanhou a movimentação do exterior com o anúncio da nova taxa básica de juros norte-americana. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), por sua vez, interrompeu uma série de oito quedas e fechou com ganho de 0,73%, a 102.807 pontos.

Apesar de o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, ter aumentado os juros em 0,75 ponto percentual — a maior alta em quase 30 anos — e sinalizar que novos reajustes virão, o mercado preferiu ver o "copo meio cheio", e respirou aliviado com declarações do presidente do órgão, Jerome Poweel.

"Ele disse que há chance de o ritmo de elevação dos juros voltar para 0,5 ponto percentual, e que não quer tornar 0,75 um patamar comum de alta, afirmando que foi algo excepcional", observou o estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz.

Desde a última sexta-feira, após a divulgação de que a inflação americana em maio avançou 1%, muito acima do esperado, o mercado vinha se posicionando com cautela. A fala de Powell diminuiu incertezas, sinalizando que a política monetária americana se compromete a derrubar a inflação sem prejudicar a atividade econômica. Com isso, os principais índices acionários norte-americanos, que vinham acumulando perdas, reagiram positivamente: Dow Jones ( 1%), S&P 500 ( 1,46%) e Nasdaq ( 2,50%). O movimento se repetiu na bolsa brasileira.

"O fato de o Fed correr atrás da curva e tentar evitar ao máximo a inflação na economia também acaba sinalizando a expectativa do tamanho da recessão que poderia acontecer por lá. Quanto mais eles demorassem para admitir o cenário inflacionário e postergassem decisões mais duras em relação aos juros, maior seria o risco dessa transmissão inflacionária", avaliou a economista chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack.