Em evento voltado para investidores nacionais e estrangeiros, o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a dizer que o Brasil está decolando “de novo” e apostou em recessão na Europa e nos Estados Unidos neste ano diante dos choques inflacionários provocados pela covid-19 e pela guerra na Ucrânia.
“Temos três choques colossais botando pressão no mundo. O mundo começa a repensar na reconfiguração das cadeias produtivas e é a parte ruim da crise. A inflação vai subir no mundo e vai ter recessão e pressão nos sistemas políticos”, afirmou Guedes, nesta terça-feira (14/6), durante a abertura da 5ª edição do Fórum de Investimentos Brasil 2022 (BIF), em São Paulo. De acordo com o ministro, a recessão vai atingir as economias desenvolvidas, menos o Brasil. Segundo ele, as economias globais estavam tentando um pouso suave da pandemia, mas a guerra na Ucrânia acabou provocando um “hard landing”.
“Vai voar pedaço para todo lado. E já vai dar errado”, apostou. Enquanto isso, na avaliação de Guedes, o Brasil está “começando a decolagem de novo”, por ter se adiantado no ajuste da política monetária em 2021, quando o Banco Central (BC) iniciou o aumento dos juros para conter a inflação.
Desde março do ano passado, quando a taxa básica da economia (Selic) estava em 2% ao ano, o BC brasileiro vem elevando os juros básicos, atualmente em 12,75% anuais. Ele voltou a afirmar que, enquanto os Estados Unidos vão começar a subir os juros, as bolsas vão cair. Segundo Guedes, as previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiros continuarão sendo revisadas para cima enquanto as estimativas para o mundo e os demais países serão revisadas para baixo.
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“O Brasil dança com todo mundo”
Na avaliação do ministro, nessa nova configuração das cadeias produtivas que está em curso nas economias desenvolvidas, ao contrário da Ásia, os países mais próximos logisticamente e mais amigáveis podem ser os novos destinos dos investimentos estrangeiros dos Estados Unidos e da Europa e, nesse contexto de “nearshore”, o Brasil se destaca, porque está começando a reduzir os impostos sobre as importações. “O Brasil dança com todo mundo e estamos para recuperar o caminho para a prosperidade”, afirmou.
Para o ministro da Economia, o Brasil passou a ser visto como uma nação que pode garantir segurança energética e alimentar para o mundo. Ele voltou a citar que existem garantidos para os próximos anos “mais de R$ 800 bilhões de investimentos contratados em infraestrutura”. ““Essa avalanche de compromissos dessa magnitude garante o crescimento da economia brasileira”, disse.
Além disso, ele afirmou que o país ainda tem potencial para a construção de usinas de energia eólicas no Nordeste “equivalentes a 50 Itaipus”. “O Brasil é a maior fronteira de investimento hoje”, garantiu, citando os marcos regulatórios permitem “uma retomada gradual da volta do capital estrangeiro”.
Guedes voltou a citar os acordos de livre comércio engatilhados, como o da União Europeia com o Mercosul e o processo de entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “Em qualquer dimensão que olharmos, estamos indo para frente”, disse o ministro, citando o processo de privatização da Eletrobras e de concessão portuária em curso.
ICMS
Ao citar a aprovação pelo Senado, ontem, do projeto de lei complementar que cria o teto de 17% para o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os combustíveis, o PLP 18/22, Guedes ressaltou que o governo federal já tinha feito a redução de PIS-Cofins e IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) “dando uma folga de gordura” para os preços dos combustíveis não ficarem “sendo reajustados a toda hora”. Ele aproveitou para responder aos críticos dessa guinada dada na agenda liberal, com varias medidas fiscais, reduzindo impostos e abrindo o mercado.“Ao contrário dos outros países, estamos abrindo a fronteira, mas com todo o cuidado. Somos liberais, mas não somos trouxas”, disse.
Guedes ainda aproveitou o evento para criticar os governos petistas diante da liderança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas para as eleições presidenciais deste ano e afirmou que “causaram um desastre na economia brasileira”. “Estão ressuscitando os próprios fantasmas”, afirmou. “Estávamos em uma economia dirigida pelo Estado, com administradores irresponsáveis, destruindo 3 milhões de empregos”, frisou, em tom eleitoreiro.