Para que os alimentos fiquem um pouco mais baratos, a indústria alimentícia sugere a redução temporária de impostos sobre a cadeia produtiva como um todo que tem uma carga tributária "das mais altas do mundo". Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), "a alta dos preços dos alimentos não é apenas uma questão do mercado brasileiro".
A reportagem questionou a associação, que representa as maiores indústrias alimentícias do Brasil, após o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, sugerirem, na última quinta-feira, o congelamento temporário dos preços e a redução das margens de lucro no setor para segurar a disparada da inflação. O apelo foi feito em evento promovido pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
A Abia justifica que, após mais de dois anos de sucessivas altas nos custos de produção, a capacidade de a indústria de alimentos absorver custos é limitada. Segundo eles, as matérias-primas, embalagens e energia representam 60% do custo de produção dos alimentos, que subiu durante o período. A saída, então, seria redução de impostos.
"É fundamental — e urgente — a adoção de medidas governamentais para ampliar a disponibilidade de matérias-primas essenciais à produção de alimentos. A redução temporária no imposto de importação de materiais de embalagens e insumos, como o óleo de palma, podem contribuir para garantir o abastecimento interno, minimizar o impacto nos custos de produção e no valor final dos alimentos", disse a associação em nota enviada ao Correio.
O presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também discorda que o peso deva recair apenas sobre a cadeia produtiva. Em discurso durante sua participação no 2º Encontro do Conselho Nacional do Poder Legislativo Municipal das Capitais (Conalec), realizado em João Pessoa (PB) ontem, o senador afirmou que congelar os preços da indústria não é "o caminho", mas as empresas do setor devem entender sua responsabilidade social.
"O que eu acho que ele (Bolsonaro) reivindicou e suplicou foi, realmente, a responsabilidade social de todos os brasileiros. Na sua atividade coletiva, ninguém obviamente pretende sacrificar o lucro, nem acredito também no congelamento de preços. Não é esse o caminho, mas a consciência de que nós temos que buscar também uma posição social de todas as empresas neste momento", disse .
Pacheco ainda reforçou que "todos têm responsabilidade de fixar preços que sejam justos", com lucros, "mas não lucros abusivos". "Neste momento de civilidade e de respeito com o problema do Brasil, que é o problema dos dois dígitos: juros a dois dígitos, inflação a dois dígitos e, em alguns lugares, a gasolina a dois dígitos", frisou.