O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deve divulgar amanhã o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, e economistas estão prevendo uma alta acima de 1%. Nesta semana, em reunião no Palácio do Planalto, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, informou que os analistas do mercado financeiro caminham para rever suas previsões de crescimento do PIB em 2022 para um patamar em torno de 2%.
O Ministério da Economia utiliza no Orçamento, uma projeção de alta de 1,5% do PIB neste ano. Já a estimativa do BC permanece em 1%, mas deve subir no próximo Relatório de Inflação.
O economista pela FAE Business Fábio Tadeu Araújo avalia que 2% é uma taxa muito otimista para este ano. "Se imaginarmos que, há dois meses, o Boletim Focus previa uma alta pouco acima de 0,5%, e agora está prevendo 1%, estaríamos mais perto de 1,5%, talvez levemente acima de 1,5% neste ano, mas longe de 2%", disse.
Ele explicou que, se confirmada, uma alta do PIB será um bom sinal, mostrando que a economia está reagindo. "Ou reagiu a algumas medidas que foram tomadas ainda no ano passado, ou no começo deste ano", observou. "Ter um crescimento acima da expectativa é bom, o país precisava, na verdade, buscar um crescimento superior a 3%, e faz bastante tempo que nós não temos isso, até porque a alta de 2021 não pode ser comparada com 2020, dada a recessão."
Segundo Tadeu Araújo, é possível que, se o crescimento se mostrar mais forte, o BC tenha mais segurança para aumentar a taxa de juros para segurar o custo de vida. Isso, porém, teria impacto negativo no crescimento futuro. "A inflação tem vindo consistentemente acima do previsto, tanto no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) cheio quanto no IPCA-15, com uma dispersão grande na alta de preços", comentou. Para o economista, um dos fatores que o Banco Central considerava para interromper a alta de juros quando eles chegassem a 13,25% ou a 13,75% ao ano, era o fato de a economia está patinando. Hoje, a taxa é de 12,75%. "Se a economia mostra sinais de alta e de aquecimento, pode dar mais segurança para o BC praticar uma política monetária ainda mais restritiva, quem sabe com a taxa Selic chegando a 14% ou até a 14,25%", afirmou.
O economista frisou que o consumo das famílias é o mais importante na recuperação do PIB, e que as medidas de estímulo que o governo tem adotado, como a liberação do FGTS, o Auxilio Brasil e outros programas, podem incentivar a alta das vendas do varejo. "Do lado da oferta, o que tende liderar esse processo é o setor de construção civil e do agronegócio", disse.(FS)