O nome de Caio Paes de Andrade, indicado do Planalto para a presidência da Petrobras, foi aprovado, ontem, pela maioria do Comitê de Elegibilidade da estatal. Andrade deve substituir José Mauro Ferreira Coelho, que renunciou na última segunda-feira, após fortes pressões do governo e de seus aliados no Congresso por conta da alta dos preços dos combustíveis.
A indicação agora será examinada pelo Conselho de Administração da companhia, em reunião na segunda-feira, segundo informou a estatal em nota. As análises ocorrem com base nas regras de governança da companhia e na legislação aplicável.
Andrade, que é secretário de Desburocratização do Ministério da Economia, foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) no último dia 9, e, se superar todas as etapas, será o quarto presidente da Petrobras desde o início do atual governo. Além da indicação para o comando da estatal, o Planalto listou oito nomes para o conselho da empresa.
Com 50,3% das ações com direito a voto, a União tem o poder de indicar a maior parte dos 11 integrantes do conselho, que devem ser eleitos por uma Assembleia-Geral de Acionistas, ainda a ser convocada. Os membros do Conselho têm poder para escolher, entre eles, quem será o presidente da empresa, além de chancelar os sete diretores executivos da companhia.
Até o fim dos trâmites legais para a aprovação de Andrade, a presidência da estatal continuará sendo ocupada, interinamente, pelo atual diretor de Exploração e Produção, Fernando Borges.
Coelho pretendia permanecer no cargo até que todos os ritos burocráticos da sucessão fossem cumpridos, mas acabou renunciando nesta semana, após forte pressão política do Palácio do Planalto e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
A indicação do novo presidente e a substituição de mais da metade do Conselho de Administração configuram uma nova tentativa do governo federal de evitar aumentos no preço dos combustíveis antes das eleições.
Organizações ligadas aos funcionários da empresa vinham se manifestando contra o nome de Andrade. Uma delas, a Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobrás (Anapetro), enviou, neste semana, ofício contra a indicação aos membros do Conselho de Administração e do Comitê de Elegibilidade da companhia.
Para a Anapetro, o currículo do gestor apresenta "inconsistências" para alguém que deve ocupar a presidência da maior empresa brasileira e uma das maiores companhias de petróleo do mundo, a começar da falta de experiência no setor. No documento, a associação pediu que o nome de Andrade "seja rejeitado, visto o cenário de instabilidade que pode acarretar sua nomeação".
O grupo afirmou, ainda, que, caso o executivo seja aprovado, buscará os meios legais, tanto nos órgãos de controle, como a Comissão de Valores Mobiliários, quanto no Poder Judiciário, para que a decisão seja revista". A associação enviou a mensagem com apoio da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e sindicatos filiados.
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