Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, acumulou alta de 11,73% nos 12 meses encerrados em maio e está bastante disseminado na economia, com taxa de difusão de 72%. E, pelas estimativas de analistas, o custo de vida atingiu o pico do ano em abril, de 12,13%, mas, mesmo com a expectativa de algum impacto no IPCA da redução de tributos com o teto de 17% para o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis, não está descartada a possibilidade de o indicador fechar o ano em torno de 10% por conta, principalmente, dos choques cambiais e no barril do petróleo — que poderá chegar a US$ 150 ou até a US$ 170 se a guerra na Ucrânia avançar pelo segundo semestre do ano, segundo algumas estimativas.
Vale lembrar que o teto da meta de inflação passará de 5% neste ano 4,75% em 2023, e, portanto o BC precisará continuar elevando a Selic para tentar trazer o IPCA de volta para a meta. Especialistas lembram que a inflação ainda está muito disseminada na economia e deverá ficar acima da meta até 2023, especialmente porque a volta dos impostos que serão reduzidos neste ano ajudarão a colocar mais pressão nos preços.
Meta
"Mesmo com a Selic em 14%, o Banco Central não conseguirá trazer a inflação para baixo do teto da meta neste ano e no próximo. Os indicadores mostram que, mesmo com a mudança dos impostos sobre combustíveis, adiando a cobrança para o ano que vem, o IPCA deverá ficar em torno de 6% em 2023", alerta Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust Gestora de Recursos. Segundo ele, "a chance de isso ocorrer é alta", porque o dólar deverá continuar subindo em meio às turbulências internas e externas, e, com o cenário apontando novas altas no dólar e no barril do petróleo, a Petrobras continuará reajustando os combustíveis, a fim de reduzir a defasagem dos preços cobrados no mercado interno e, certamente, isso vai pressionar a inflação.
Com isso, o cenário de corte da Selic deverá ocorrer somente a partir do segundo trimestre de 2023, de acordo com analistas. "A inflação está muito disseminada na cesta como um todo e não são apenas os combustíveis que registram alta de preços. Por isso, estamos falando de inflação acima do teto da meta até o próximo ano. O Banco Central só vai conseguir trazer o IPCA para a meta em 2024", afirma Arley Júnior, estrategista de Investimentos do Santander Brasil. (RH)
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