conjuntura

Expectativa de aumento de taxas nos EUA faz dólar subir pelo sétimo dia

A moeda norte-americana teve alta de 0,38%, encerrando o dia cotada a R$ 5,134, maior patamar de fechamento desde 12 de maio

Rafaela Gonçalves
postado em 15/06/2022 06:00
 (crédito: Nelson Almeida/AFP - 22/2/21)
(crédito: Nelson Almeida/AFP - 22/2/21)

O nervosismo continuou prevalecendo, ontem, no mercado financeiro, na expectativa das decisões desta "super quarta-feira", que deverá ser marcada por aumentos de taxas de juros a serem anunciados nos Estados Unidos pelo Federal Reserve, a autoridade monetária do país, e no Brasil, pelo Banco Central.

Com o clima de aversão ao risco, o dólar avançou pelo sétimo pregão seguido e renovou a máxima em um mês. A moeda norte-americana teve alta de 0,38%, encerrando o dia cotada a R$ 5,134, maior patamar de fechamento desde 12 de maio. Com o resultado, passou a acumular ganho de 2,93% na semana e 8,03% no mês.

A perspectiva de um aperto monetário mais forte que o anteriormente esperado nos EUA azedou o humor dos investidores globais. No Brasil, apesar da boa notícia de que as contas do governo central registraram superavit primário de R$ 28,5 bilhões em abril, a Bolsa seguiu firme o ritmo de queda, acompanhando os principais indicadores externos.

O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) fechou em queda de 0,52%, aos 102.063,25 pontos. Foi o oitavo recuo consecutivo, na maior série de perdas desde setembro de 2015. No caso brasileiro, a insegurança dos investidores é alimentada também pelos efeitos fiscais negativos das mudanças no ICMS dos combustíveis, medida tida como precipitada e de evidente caráter eleitoral.

Segundo o economista da CM Capital Matheus Pizzani, os ativos se deterioraram frente ao fortalecimento do dólar com a perspectiva de aumento de juros nos EUA nesta semana. "A valorização da moeda norte-americana acabou puxando o preço do petróleo, provocando queda das ações da Petrobras, o que impactou negativamente o desempenho do Ibovespa", avaliou.

O índice Dow Jones, um dos principais indicadores do mercado de ações norte-americano fechou com queda de 0,49%, aos 30.365,95 pontos. O S&P 500 teve variação negativa de 0,37%, terminando aos 3.735,88 pontos, enquanto Nasdaq registrou alta de 0,18%, aos 10.828,35 pontos.

Projeções

A edição mais recente do Relatório Focus, documento em que o Banco Central reúne as projeções dos principais analistas do mercado, apontou que a Selic deverá ter alta de meio ponto percentual na reunião de hoje do Comitê de Política Monetária (Copom), passando de 12,75% para 13,25% ao ano. Comunicados anteriores do Banco Central sugeriam que, com os juros básicos neste patamar, o processo de alta dos juros estaria perto do fim. No entanto, com a alta das taxas no mundo inteiro, e a persistência da inflação, o temor é de que o BC tenha que ser mais rígido do que gostaria na condução da política monetária.

A expectativa de boa parte dos analistas é de que a taxa de juros seja mantida alta por mais tempo. Pizzani lembrou que apesar da desaceleração observada no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio, que veio abaixo das expectativas, a inflação ainda não deu sinais concretos de queda sustentada ao longo do tempo.

Nos Estados Unidos, os analistas trabalham com a possibilidade de uma alta dos juros acima do esperado pelo Federal Reserve (Fed), que deve acelerar o reajuste de 0,50 para 0,75 ponto percentual. Com isso, a taxa dos chamados Fed Funds passaria do intervalo entre 0,75% a 1,00% para 1,50% a 1,75%.

Para o especialista em renda variável da Davos Investimentos, Marcelo Boragini, a ameaça de inflação leva os analistas a darem como certo o aumento do aperto monetário nos EUA, gerando insegurança entre os investidores. "O Fed vinha indicando alta de 0,5 por cento até o final do ano. A previsão de 0,75 causou um desconforto geral bem acentuado em todo o mercado", destacou Boragini.

A instabilidade enfrentada pela economia norte-americana, que vive a maior inflação nos últimos 40 anos, tem pressionado o mercado global. Sem que a inflação mostre qualquer sinal de arrefecimento em um futuro próximo, os investidores já esperam pelo pior cenário — uma recessão em 2023.

 

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